Há 25 anos, no dia 3 de maio, os petroleiros deram início à mais longa greve da história da categoria, enfrentando o governo neoliberal de Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e seus aliados do “centrão”, como o DEM (então PFL) e o MDB (então PMDB).
A combativa greve petroleira durou 32 dias e sua derrota vai marcar uma etapa de predomínio da ofensiva da burguesia neoliberal, os famigerados anos da “era FHC”, que imporão derrotas da maior importância para o conjunto da classe trabalhadora.
Neoliberalismo
No início de 1995, iniciou-se o governo de FHC, evidenciando uma recuperação da burguesia pró-imperialista depois da queda do presidente neoliberal Fernando Collor de Mello, em 1992, eleito (em 1989) com o apoio de todas as grandes máquinas políticas da burguesia contra o candidato do movimento operário, Luís Inácio Lula da Silva. É o início do neoliberalismo propriamente dito no país. Fernando Henrique, como presidente, levou adiante um amplo programa de privatizações e ataques profundos às condições de vida dos trabalhadores. Para levar seu programa até o fim, era necessário colidir inevitavelmente com as organizações operárias.
O setor petrolífero é um setor estratégico e dos mais cobiçados pelo imperialismo internacional. Atendendo ao desejo dos bancos e das corporações imperialistas, FHC, já no primeiro mandato, enviou ao Congresso um projeto de emenda constitucional que visava acabar com o monopólio da Petrobras na exploração e produção de petróleo.
Solidariedade e repressão
Como destaca a Federação Única dos Petroleiros (FUP) em seu balanço, a greve na Petrobras explode “em resposta às demissões de petroleiros que participavam de uma greve exigindo o cumprimento de acordos pactuados em 1994“.
Tal como se deu na recente greve da categoria, iniciada contra as demissões das centenas de operários da fábrica de fertilizantes fechada pelo governo Bolsonaro, a greve expressou a solidariedade operária e iniciou com o lema “se mexerem com um petroleiro será como se tivessem mexido com todos”, segundo a principal liderança da greve de 1995, o companheiro Antônio Carlos Spis, então coordenador da Federação Única dos Petroleiros (FUP).
A greve de 1995 ficou marcada na luta recente da história pela sua grande duração e também pela resistência e união dos petroleiros, que chegaram a organizar um documento com a demissão coletiva da categoria para ser entregue à direção da Petrobrás.
A greve fez parte de um processo de ampla mobilização, uma greve unificada, de categorias do setor público, dos eletricitários, dos trabalhadores dos correios, dos telefônicos, servidores federais, dentre outros, contra as reformas constitucionais e contra o programa de privatização do governo. Os petroleiros aderiram em massa à greve unificada. Entretanto, a greve perdeu força e os petroleiros acabaram levando adiante sozinhos por mais de um mês.
No auge do neoliberalismo, a greve dos trabalhadores petroleiros tornou-se uma luta direta entre a burguesia e o proletariado, não apenas por questões econômicas, mas políticas. Foi o embate entre o neoliberalismo e a classe operária de uma país atrasado. Todo o Estado capitalista se organizou para atacar a greve.
O Tribunal Superior do Trabalho julgou a greve abusiva em seu sétimo dia e, posteriormente, passou a dar multas milionárias aos sindicados.
A repressão lembrou os tempos da ditadura militar. FHC mandou o Exército com tanques e metralhadoras para ocupar as refinarias da Petrobrás no Paraná (REPAR), Paulínia (REPLAN), Mauá (RECAP) e São José dos Campos (REVAP). Os grevistas não se intimidaram. A imprensa burguesa fez pesada campanha, acusando a categoria pela falta de derivados de petróleo e, principalmente, do gás de cozinha. Naquele mesmo ano, ficou provado, inclusive, a armação quando o Tribunal de Contas da União concluiu que as distribuidoras foram responsáveis pelo desabastecimento de gás durante a greve.