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América Latina

Guinada à direita do regime político sob ordens do imperialismo

"Combate à corrupção", desculpa para aumentar a repressão imperialista sobre os países no continente

O nível de hipocrisia que a política mundial pode alcançar parece não ter limites, o governo de Joe Biden declarou esta semana que a luta contra a corrupção no nível mundial é o pilar de sua política exterior. O presidente da maior potência imperialista do mundo ordenou a elaboração de estratégias para combatê-la em escala global. Biden afirmou que os Estado Unidos serão “líder por meio do exemplo” e que continuará financiando ONGs e jornalistas investigativos de outros países.

Biden disse que “a corrupção é um risco para nossa segurança nacional” e mais, abala “as fundações de instituições, impulsiona e intensifica o extremismo e facilita aos governos autoritários corroer a governança democrática”. Para ele, é a corrupção e não o ataque voraz de seu país às riquezas nacionais dos países atrasados que abala “a equidade econômica, os esforços globais contra a pobreza e pelo desenvolvimento, e a própria democracia”. Nenhum jornalista no entanto, questionou se foi a corrupção que colocou no poder os ditadores militares por toda a América Latina na segunda metade do século XX ou mais especificamente se o golpe perpetrado no Brasil em 2016 com o apoio direto da CIA ameaçou a segurança nacional norte-americana.

Pausa para um lembrete

Falando no golpe de 2016, nesta segunda-feira (07/06), um grupo de 20 congressistas americanos enviou uma carta ao Departamento de Justiça dos Estados Unidos na qual pede que o país torne públicas as informações sobre como os órgãos de investigação dos EUA cooperaram com a Operação Lava Jato, no Brasil.

O que os EUA realmente querem

Um dos maiores veículos de comunicação do imperialismo, o The Economist deixou claro recentemente que a solução para o Brasil é uma dura política neoliberal, ou seja, a redução do Estado por meio das lucrativas privatizações [para a burguesia dos EUA, é claro], o que reduziria ainda mais a já minguada proteção social prestada pelo Estado brasileiro. Esta é a política proposta por Biden para a América Latina, o assalto às nossas riquezas usando a já batida desculpa de combate a corrupção. É claro que será a burguesia local que dirá o que é corrupção, pedaladas fiscais por exemplo, e quem são os corruptos, invariavelmente a esquerda.

Kamala, a “esquerdista” neoliberal

A vice presidente Kamala Haris viajou para o México e Guatemala para tratar de meios para conter o fluxo migratório dos países do chamado Triângulo Norte da América Central (Guatemala, El Salvador e Honduras) pela fronteira dos EUA com o México. Kamala tenta passar uma imagem de esquerda, mas trabalha para impor a agenda neoliberal de seu governo na região e ainda mais repressiva que a do governo anterior, de Donald Trump. Ela anunciou que os EUA impedirão a entrada de imigrantes do subcontinente.

Os EUA dizem o que é aceitável e, pasmem, a esquerda aceita

A pressão dos EUA tem conseguido influenciar a esquerda em vários países. No México, o partido MORENA, de Lopez Obrador, retrocedeu em várias questões nas eleições do último domingo. No Peru, o imperialismo apoiou diretamente a candidatura fascista de Keiko Fujimori para impedir a vitória da esquerda, que mesmo assim moderou o discurso em temas que desagradam a direita. O mesmo ocorre no Brasil, onde partidos como o PSOL, PSTU e a ala direita do PT consideram ilegítimo e indefensável o governo da Venezuela. Os EUA se esforçam para afastar qualquer esquerda, mesmo que moderada, para consolidar sua hegemonia no continente.

Vale tudo

Para atingir esta meta, vale apoiar o fascismo, articular golpes, fraudar eleições e até invadir militarmente. Contudo há um detalhe que dificulta a política imperialista na América Latina, a forte polarização política que cada vez mais desloca os trabalhadores para a esquerda, apesar das sucessivas capitulações das lideranças de esquerda.

A cruzada anticorrupção do homem responsável pela morte de um milhão de iraquianos, do político eleito com o apoio das corporações de Wall Street, da indústria da guerra e das mega corporações de comunicação e internet, que praticaram a censura indiscriminada e toda sorte de ilegalidade para elegê-lo, não passa da mais rasteira demagogia. Assim como foi a acusação de que o Iraque possuiria armas de destruição em massa, de que a Venezuela seria uma ditadura ou que Cuba desrespeita direitos humanos. Alguém precisa perguntar a Biden, quem o elegeu síndico do mundo, quem lhe conferiu o crachá de fiscal para interferir na autonomia de nações independentes.

Inacreditável, surreal

É realmente inacreditável que estas perguntas não sejam feitas, porque vivemos dias em que se falam as maiores barbaridades sem nenhuma contestação. Recententemente Bolsonaro se defendeu, quando pego na mentira pela enésima vez, dizendo que “é isso ou ver a esquerda voltar ao poder”. Ninguém perguntou a ele se a esquerda já fora posta na ilegalidade sem que ninguém fosse avisado.

O fato é que o imperialismo e as burguesias locais monopolizam os meios de formação de opinião de massas e os utilizam para formar consenso sobre qualquer coisa por mais absurda que seja. A única forma de fazer frente a este poder é por meio de uma política radical de enfrentamento total. Esta é a disposição das massas revelada na força das mobilizações que têm sacudido o continente a pelo menos uma década. Esta é a tendência no Brasil vista no último 29 de maio.

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