Esta semana foi publicado na BBC Brasil uma entrevista com Thomas Shannon, diplomata americano que representou os EUA no Brasil entre 1989 e 1992 e entre 2010 e 2013. Na entrevista, Shannon solta indícios das relações que terão os dois países após a eleição de Bolsonaro, e também do papel que teve os Estados Unidos em sua eleição.
Um dos pontos principais da entrevista, além da relação Brasil-Estados Unidos, foi a temática da guerra contra a Venezuela. Embora o diplomata tenha dito que seria improvável e pouco recomendável uma intervenção no país, a política internacional americana tem demonstrado o oposto. Por volta de maio deste ano, o vice-presidente americano, Mike Pence, e o novo representante dos EUA na Organização dos Estados Americanos (OEA), Carlos Trujillo, fizeram diversas declarações contra o governo de Maduro, botando uma possível intervenção militar na Venezuela, assim como em Cuba e na Nicarágua, como principais prioridades da OEA e dos Estados Unidos.
Nessa mesma direção também foi abordado a possibilidade da entrada do Brasil na OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte). Com o Brasil na OTAN teceria-se um cenário muito favorável à guerra contra a Venezuela, já que os países imperialistas teriam um pretexto para ingressar formalmente no conflito armado.
Shannon também soltou indícios dos interesses americanos aqui no país, e em suas falas ficou claro o porquê do gigante sul-americano ser tão cobiçado pelos ianques.
“É a segunda maior democracia em termos de população (o Brasil), é o maior território da América do Sul, e o país tem recursos naturais incríveis e muitas realizações, mas também muito potencial. Por esta razão, os EUA sempre tiveram interesses especiais no Brasil.
[…] O Brasil tem um grande mercado interno que historicamente é protegido. Nunca foi fácil para empresas estrangeiras entrarem neste mercado. Porém, não é impossível.”
E sobre o ingresso na OTAN, disse: “Neste sentido, algo como isso traria ao Brasil uma oportunidade para se envolver e trabalhar diretamente não apenas em questões militares e das forças armadas, mas em tudo que for ligado a segurança nacional e segurança global.”
A eleição de Bolsonaro, e o fato dos militares estarem dominando, sob todos os aspectos, a política brasileira, deixou o terreno propício para a invasão da Venezuela, e para a consolidação da geopolítica imperialista na América do Sul.