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Após desarmar os trabalhadores

Greve na Renault é derrotada: acordo permite demissões e cortes

Na tarde desta terça, representantes da multinacional francesa participaram de reunião virtual com o sindicato e anunciaram demissões e flexibilização dos direitos trabalhistas

Na tarde desta terça (11), representantes da Renault, em transmissão ao vivo pela página do Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba (SIMEC), elogiaram o encerramento da greve através do acordo (assinado no último dia 8 entre empresa e sindicato) e destacaram que o diálogo entre patrões e empregados permitiu a todos saírem ganhando.

Propagado por patrões e direção sindical como uma vitória, no entanto, o acordo permitiu: 1. demissões; 2. rebaixamento salarial; 3. suspensão dos contratos de trabalho; 4. terceirização; ou seja, a destruição de direitos que os metalúrgicos entraram em greve para defender.

É a aplicação da MP 936 (lei 14020 – da redução de salários) e da MP 927 (da carteira de trabalho verde e amarela, do “negociado sobre o legislado”). Em outras palavras, é a vitória do programa de Bolsonaro e dos golpistas, que os capitalistas da Renault tentaram impor à categoria quando demitiram os 747 metalúrgicos e fecharam o 3º turno.

Para entender melhor o que foi permitido, segue parte do acordo, divulgada no próprio site do sindicato:

REDUÇÃO DE SALÁRIO: “MP 14020 (Antiga MP 936 de Bolsonaro, que foi convertida em lei com o apoio da Força Sindical.) no máximo seis meses ou 18 dias de trabalho, garantindo 85% do salário bruto do empregado”

SUSPENSÃO DE CONTRATOS DE TRABALHO: “LAY-OFF para toda a fábrica ou setor por até 8 meses com garantia de 85% do salário líquido do empregado”

DEMISSÕES: Através de planos de demissão “voluntária” (PDVs), que inclusive poderão ser aplicados ao readmitidos!

TERCEIRIZAÇÃO: “Poderá discutir com o Sindicato até 175 postos ou cargos por turno a partir de 01/09/22”

REDUÇÃO SALARIAL: “Sofrerá ajuste de 20% para os novos contratados”

Para enganar os trabalhadores, a Renault e a direção do sindicato, controlado pelo Força Sindical, fizeram uma campanha que os 747 trabalhadores seriam readmitidos, logo, que o acordo era uma vitória.

Contudo, como é explicado na transmissão, que tem a presença dos próprios representantes dos patrões, os 747 trabalhadores demitidos serão colocados em “lay off”, ou seja, terão seus contratos suspensos enquanto aguardarão o PDV (Programa de Demissão “Voluntária”). Ou seja, com toda essa manobra, ao fim e ao cabo as demissões ocorrerão, sob o disfarce de serem “voluntárias”. É um golpe, que precisa ser denunciado, pois os capitalistas utilizam largamente de PDVs para liquidar categorias inteiras.

Perto de São José dos Pinhais, região metropolitana de Curitiba, onde fica a Renault. Os químicos da FAFEN, em Araucária, tiveram sua fábrica destruída no início do ano, com mil empregos sendo liquidados justamente por um planos de demissão como esse. Quem está na fila do abate agora são os petroleiros da Repar, também em Araucária.

O que torna inevitável o raciocínio:

1. Se as reivindicações pelas quais os metalúrgicos fizeram a greve não foram atendidas, dado que os 747 metalúrgicos serão encaixados no programa de demissões “voluntárias”;

2. Se os demais trabalhadores serão terão seus salários rebaixados e ficarão reféns das demissões, da suspensão de contratos e da terceirização;

Como um acordo quer permitiu tudo o que os patrões queriam pode ser uma vitória para os trabalhadores?

Isso é um grande golpe para tentar esconder o óbvio: a greve foi derrotada pelos patrões com a ajuda da política totalmente capituladora da direção do sindicato, da Força Sindical, que incentivou a divisão dos operários sobre a demissão dos 747, que no fim das contas serão “readmitidos” para serem demitidos novamente em seguida.

22 de julho: Os metalúrgicos entraram em greve no dia

23 a 29 de julho: Metalúrgicos mantiveram a greve de forma combativa, com piquetes e enfrentamentos com a polícia e os fura greves, ganhando o apoio e solidariedade de trabalhadores no Brasil e no mundo. A pressão enorme da greve ecoou em todo o País e fez com que setores da burguesia, como o governador Ratinho Jr., deputados da assembleia legislativa, do Ministério Público do Trabalho e do Tribunal de Justiça do Trabalho, intervissem para frear a radicalidade do movimento.

5 de agosto: Como resultado da pressão, Judiciário concede em 1ª instância liminar pedindo a readmissão dos 747 demitido, como forma de aliviar a pressão e enganar os trabalhadores

6, 7 de agosto: Força Sindical, imprensa capitalista e setores de esquerda tratam a decisão como estando certa a readmissão dos 747

8 de agosto: Sem cair na armadilha, metalúrgicos mantém a greve, aumentando a pressão sobre os capitalistas

8 de agosto: Ainda na sexta, Renault chama Força Sindical para negociar o acordo, que sob a farsa da readmissão dos 747, permite justamente o contrário, demissões, redução de salário e de direitos.

8 e 9 de agosto: Para confundir toda a categoria, Força Sindical faz propaganda do acordo como sendo uma vitória, destacando o ponto da readmissão dos 747 e deixando em segundo plano os demais.

10 de agosto: Em assembleia, Força Sindical continua sua campanha e organiza uma votação eletrônica e tira a votação sobre o acordo do controle dos trabalhadores.

11 de agosto: Em apuração virtual, junto com representantes dos capitalistas da Renault, é anunciada a vitória do acordo.

É preciso chamar os trabalhadores a rejeitarem essa grande farsa que foi imposta para destruir seus direitos e aumentar sua já brutal exploração. O acordo foi assinado sem a autorização dos trabalhadores, prevendo demissões “voluntárias”, rebaixamento de salários e terceirizações e foi validado por uma votação virtual. Se fosse discutido ponto a ponto numa assembleia presencial, nunca seria aceito.

Por isso é preciso denunciar a Renault, tanto quanto aqueles que por convicção ou omissão total, traíram os metalúrgicos e legitimaram as demissões e negociaram direitos.

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