De acordo com pesquisa da Rede Nacional de Pesquisadores Associados (RNPA), com participação da Fundação Perseu Abramo, 71% dos caminhoneiros são favoráveis à greve da categoria.
Essa posição vai na mesma direção do posicionamento de uma parcela dos líderes do setor, que apoia a participação na greve geral do próximo dia 14, e da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística (CNTTL) – que representa 700 mil caminhoneiros sindicalizados -, que decidiu, em assembleia na última terça-feira (04), a adesão à paralisação nacional.
Ao contrário do que diz a propaganda da imprensa burguesa e da extrema-direita, os caminhoneiros não são, em sua maioria, bolsonaristas. Esse discurso começou a ser propagado particularmente no meio do ano passado, quando, devido à política de preços da Petrobras alinhada ao mercado mundial controlado pelos monopólios petroleiros, o governo Temer aumentou o preço dos combustíveis, especialmente do diesel, gerando uma imensa insatisfação na categoria.
Isso os levou a realizar uma poderosa greve, que, durante dias, desestabilizou completamente o regime golpista, a ponto de colocar o governo Temer na lona. Por se tratar de uma categoria extremamente desorganizada – uma vez que os caminhoneiros não são exatamente operários e suas necessidades imediatas não são idênticas à do proletariado -, a maioria dos caminhoneiros não é politizada, o que levou uma parte, confusa, a declarar apoio a Bolsonaro.
Trata-se de algo comum em um movimento diverso de categorias desorganizadas e tradicionalmente pequeno-burguesas (mesmo que a crise a tenha levado a uma situação, na prática, alinhada à classe trabalhadora). Na França, os chamados “coletes amarelos” também foram acusados de serem apoiadores da fascista Marine Le Pen.
No entanto, a realidade demonstrou que os dois movimentos levaram a um enfraquecimento (mesmo que parcial) tanto da direita tradicional como da extrema-direita. Os coletes amarelos jogaram o governo de Macron em uma crise gigantesca. Os caminhoneiros quase derrubaram Temer.
O que foi fundamental para o fracasso da greve dos caminhoneiros e do não avanço qualitativo no movimento dos coletes amarelos foi a política da esquerda nos dois países, que se recusou a apoiar esses movimentos e acabou caindo, em certa medida, em um descrédito dentro do setor. Na França isso ficou mais evidente, mas no Brasil – devido à imensa polarização e à força do PT devido à liderança de Lula – boa parte dos caminhoneiros mostrou uma certa politização.
O que vale, entretanto, é a prática. A paralisação dos caminhoneiros em 2018 foi contra a direita e contra o regime golpista. Eles, infelizmente, não obtiveram apoio das demais categorias importantíssimas – como os petroleiros (que ameaçaram paralisar também), os metalúrgicos, os professores, etc. -, coisa que, se acontecesse, poderia ter levado a uma grande mobilização dos trabalhadores que derrotasse o próprio golpe de Estado.
Isso pode acontecer agora. As principais categorias de trabalhadores já aderirem à greve geral. Os caminhoneiros também deverão aderir. São essenciais para a luta, e sua adesão desmonta o mito de que seriam bolsonaristas. Afinal, eles podem ajudar a derrubar Bolsonaro.
A esquerda deve trabalhar para a maior politização dessa importante categoria que são os caminhoneiros, com uma grande campanha de agitação e propaganda pelo Fora Bolsonaro e mostrando a eles que a política de Bolsonaro é a mesma de Temer, principalmente na questão do preço dos combustíveis: a entrega da Petrobras e do petróleo brasileiros aos monopólios imperialistas, que controlam os preços internacionais e aumentam os preços no País para elevarem seus lucros. Bolsonaro está a serviço delas, não dos caminhoneiros, dos petroleiros e do povo em geral. Pelo contrário, o povo já entendeu isso e por esse motivo pede a cada dia o Fora Bolsonaro.
É preciso realizar uma grande campanha dentro da classe trabalhadora nesse greve geral, organizar um movimento poderoso que paralise o País não por um dia apenas mas por tempo indeterminado, e certamente os caminhoneiros podem ajudar nesse movimento. Fora Bolsonaro! Eleições gerais, já! Liberdade para Lula!