Nessa quarta-feira (09), milhares de equatorianos saíram às ruas de todo o país em protestos radicalizados contra o governo traidor de Lenín Moreno, em uma greve geral nacional, preparada há uma semana.
Desde o início do dia havia um clima de tensão no país tropical. Por um lado, o governo decretou o toque de recolher, das 5h às 20h – em meio ao estado de exceção imposto para reprimir brutalmente as jornadas de protestos. Por outro, os comércios, fábricas e escolas paralisadas.
Mas já pela manhã começaram as concentrações de manifestantes em todo o território nacional. Em Quito, milhares de pessoas saíram em marcha para o Palácio de Carondelet (sede do governo), no centro histórico da cidade. Antes mesmo da chegada da marcha, a polícia começou a reprimir quem estava nas redondezas do local.
Movilización en Quito #ParoNacionalEcuador. @OrlandoPerezEC @denisseteleSUR @camilateleSUR 9 de Octubre de 2019 pic.twitter.com/UsQt0k1kkd
— Patricia Villegas Marin (@pvillegas_tlSUR) October 9, 2019
Na última segunda-feira, Moreno fugiu para Guayaquil, transferindo temporariamente a sede do governo para a cidade litorânea. Isso se deu pelo medo da revolta popular, pois no mesmo dia uma multidão liderada por indígenas chegou a Quito, que ficou absolutamente convulsionada pela ira popular.
Na terça, os manifestantes ocuparam a Assembleia Nacional (Parlamento), o que levou a uma violenta repressão da polícia. A Confederação de Nacionalidades Indígenas (CONAI) denunciou a prisão “arbitrária e inconstitucional” de 72 ativistas que ocupação a sede do legislativo.
Gás lacrimogêneo, bombas de fumaça e de efeito auditivo foram lançadas pelas forças de repressão contra os manifestantes, que reagiram com todos os meios que tinham, como paus e pedras. Até o início da tarde, um manifestante havia sido assassinado pela polícia – elevando para 16 o saldo de vítimas fatais do aparato repressivo de Moreno.
#Quito en séptima jornada de #ParoNacionalEC https://t.co/81iDlR5leg
— Rolando Segura (@rolandoteleSUR) October 9, 2019
Já na cidade de Guayaquil, o povo não poupou o presidente neoliberal, que pensou que encontraria refúgio na capital financeira do país. Uma forte mobilização foi iniciada desde cedo, com destino à Avenida 9 de Octubre (em homenagem à independência de Guayaquil). Também houve um intenso enfrentamento do povo com as forças armadas, com grande repressão. No entanto, a polícia deu um tratamento completamente diferente para o protesto reacionário a favor de Moreno, organizado pelos especuladores e pelos partidos de direita que têm controle absoluto do aparato político de Guayaquil.
En #Guayaquil también protestan contra #PaquetazoDeLenin en #Ecuador. Vía: @CarlaGteleSUR pic.twitter.com/v2ZWzQCWz9
— Rolando Segura (@rolandoteleSUR) October 9, 2019
Foram mais de 100 pessoas detidas somente no dia de ontem pela polícia, em um processo escalado de repressão em meio ao toque de recolher em Quito e o estado de exceção a nível nacional, totalizando mais de mil pessoas detidas em sete dias de protestos.
En la ciudad de #Cuenca se mantienen las manifestaciones en contra de las medidas económicas decretadas por el gobierno de Lenin Moreno #paroenecuador pic.twitter.com/POHNTUnFq7
— Revista Rupturas (@RevistaRupturas) October 9, 2019
Em outras cidades do país o povo também saiu às ruas, como em Cuenca. Tachando de “medida ditatorial” o toque de recolher em Quito, o povo enfatizou que irá permanecer nas ruas pelo Fora Lenín Moreno. São evidentes também os gritos como os cartazes e faixas pedindo a derrocada do governo. A greve foi convocada pelas centrais sindicais e pela CONAI, tendo uma participação destacada das comunidades indígenas mas também da classe operária, do movimento estudantil, de camponeses e de mulheres.
Um fato de destaque foi a volta de Lenín Moreno de avião para Quito, na parte da tarde. As informações ainda eram vagas até o fechamento desta edição, mas a intenção do governo era entrar em um acordo com os manifestantes. É possível que parte da burocracia sindical e opositora possa tentar uma conciliação com o governo, impedindo a sua queda pela revolta popular, mas o povo dificilmente irá engolir a permanência de Moreno e dos golpistas equatorianos no poder. O povo pede claramente a queda de Moreno e a convocação de eleições antecipadas.