A greve dos caminhoneiros que paralisou o Brasil na última semana criou um clima propício à greve geral envolvendo outras categorias, como petroleiros, metalúrgicos, etc.
Os representantes dos petroleiros, por exemplo, marcaram uma greve nacional da categoria, para começar a partir das 23h30 desta terça-feira, o que tende a prejudicar ainda mais o abastecimento de combustível nos próximos dias.
Na pauta, nenhuma reivindicação de cunho salarial ou de melhores condições de trabalho. De fato, trata-se de uma contestação da política geral de preços do governo para a Petrobras, hoje atrelada à gangorra do mercado internacional. “Os preços exorbitantes nas bombas refletem essa política. Além disso, temos produção suficiente para, em vez de importamos petróleo refinado, o país estar exportando”, destacou o coordenador do Sindicato dos Petroleiros de Minas Gerais (Sindipetro MG), Anselmo Braga.
A greve nacional dos caminhoneiros recebeu o apoio dos metalúrgicos de São José dos Campos e região, nesta segunda-feira (28). Em diversas fábricas, mobilizados pelo sindicato, os trabalhadores realizaram assembleias em solidariedade à categoria. Houve atrasos em quatro fábricas, inclusive na Embraer.
Neste dia de mobilizações, os metalúrgicos também reivindicaram que as centrais sindicais convoquem uma greve geral pela saída do presidente Temer e contra todos os ataques que vem sendo realizados por esse governo – como as reformas trabalhista e da Previdência. As assembleias começaram cedo na região. Na Embraer, houve assembleias no primeiro turno, com os funcionários da produção, e turno administrativo. Em ambas, os trabalhadores aprovaram apoio à luta dos caminhoneiros.
Também houve assembleias na JC Hitachi, Friuli e Prolind, com atraso na entrada dos trabalhadores. Na Hitachi, os trabalhadores pararam uma hora. Na Prolind, o atraso chegou a duas horas.
Além da classe operária, outros setores tendem a aderir ao movimento, por uma espécie de “ação inercial” vinculada à greve dos caminhoneiros, na medida em que dependem do circuito da produção, e da circulação de mercadorias e pessoas para funcionar, como comerciantes, motoristas e professores. A greve geral torna-se assim já quase uma realidade.
Mesmo parte da burguesia, certamente com algum arrependimento por ter apoiado o golpe, já não enxerga mais em Temer e sua “equipe” capacidade e credibilidade para tocar o governo do país. Com uma taxa ínfima de aprovação, a única coisa que ainda garante um pouco a permanência do presidente usurpador é o apoio das forças armadas, que detêm hoje o verdadeiro poder de Estado, concentrado na figura do general Etchegoyen. Apoio relativo, diga-se de passagem, já que pelo menos até agora, o exército tem se recusado a obedecer o comando de intervir diretamente contra os caminhoneiros.
Enfim, estão dadas as condições plenas de derrubada do governo profundamente antipopular, corrupto e entreguista de Temer, que até agora não fez senão seguir da maneira mais selvagem a agenda neoliberal de fatiamento e entrega do país ao capital internacional, às custas do sangue e suor do povo trabalhador brasileiro.