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Paranaguá (PR)

Greve dos rodoviários: estatizar o transporte e pôr fim à tarifa

Prestes a completar um mês, greve se choca contra empresa e prefeitura, apontando para a estatização do transporte na cidade, única saída para os trabalhadores e a população

No último dia 14 de janeiro, os condutores rodoviários de Paranaguá (PR) entraram em greve contra o corte e o parcelamento de salários, promovido pela Viação Rocio. A concessionária do transporte público na cidade tenta jogar a conta da crise capitalista e da pandemia sobre os trabalhadores e a população e chantagear a prefeitura a liberar seus cofres para salvar a empresa. Já a prefeitura lavou as mãos e contratou transporte alternativo, cobrando o mesmo valor da tarifa, uma tentativa de enfraquecer a greve, sem resolver o problema. Logo, ainda que esteja indefinida, a maior greve da história da categoria já revelou a relação promíscua que existe entre o monopólio privado e a prefeitura, bem como que a solução para os trabalhadores e a população, que é a estatização do transporte, com a extinção da tarifa e a contratação de todos os trabalhadores como servidores municipais.

Para entender melhor o que tem acontecido e movimentado a cidade mais antiga do Paraná. A redação do Diário da Causa Operária visitou o acampamento que os grevistas mantém em frente à garagem da empresa e conversou com os companheiros, que completaram 23 dias de paralisação nesta sexta.

 

“A empresa não nos pagou o que temos direito de receber”

O companheiro Josiel, que é presidente do sindicato da categoria (SINDICAP), conta que a Viação Rocio iniciou janeiro mantendo a redução de salário e jornada, mesmo após expirar o prazo da MP 936/2020 de Bolsonaro, que autorizou o rebaixamento de salários até dezembro. Ele conta que a categoria já levou adiante todos os trâmites burocráticos, “passamos pelo TRT e pelo Ministério Público do Trabalho, a empresa tem 10 dias para se manifestar”, afirmou.

Mas entendendo que a solução não virá de cima, ele relata a situação a qual os trabalhadores estão submetidos neste momento:

“Temos muitos trabalhadores na empresa que pagam aluguel, que pagam pensão [e quem sem salário poderão até mesmo ir presos]. Temos motoristas e funcionários que estão vendendo suas motos, carros, e demais bens para poder se manter e pagar as contas! Essa é a situação hoje em Paranaguá e o poder público não está nem aí.”

Ele conta que só conseguiram manter a greve até o momento pelo grande apoio que receberam da população. “Agradeço muito à população que está conosco, bem como igrejas, motoclubes, comerciantes e trabalhadores em geral que contribuíram, por exemplo com cestas básicas”, isso tem ajudado a manter as famílias e os trabalhadores, que estão sem salário.

O dirigente também denunciou que os empresários visam apenas o capital, buscando resolver o impasse através de obter recursos dos cofres públicos, ou seja, da população:

“Hoje a empresa está conseguindo o que ela queria. Ela vai em cima do prefeito e o prefeito está fazendo um trabalho, atrás dos vereadores, para adotar um subsídio para a empresa.”

Ele também cita a questão do vale transporte da prefeitura, que estava repassando o valor em dinheiro para os trabalhadores, mas que devido à pressão da Viação Rocio, já sinalizou que voltará a comprar as passagens direto da empresa, deixando de repassar os valores em dinheiro para os trabalhadores.

O rodoviário afirmou que uma parte da categoria “confiou no prefeito”, apoiando a sua reeleição no ano passado. No entanto, após os fatos presenciados na greve, com o prefeito atacando a categoria, estes companheiros se desiludiram.

Por fim, perguntado pela redação sobre o que acha da estatização do transporte, proposta defendida pelo Partido da Causa Operária (PCO), o companheiro Josiel afirmou que tem acordo com a reivindicação. De acordo com ele, seria uma forma de acabar com o monopólio privado, que “a população não aguenta mais” e de elevar as condições de trabalho dos rodoviários e a qualidade do serviço para a população, dado que serem servidores municipais poderá tirá-los da escravidão de trabalhar sem receber.

 

Empresa e prefeitura

 

O prefeito bolsonarista Marcelo Roque (Podemos) foi reeleito pela coligação PSC / PL / PSDB / PP / PTB / PSL / PODE / PMN / PSB / PSD, partidos de direita que apoiaram o golpe de Estado de 2016 no País, bem como a eleição fraudulenta de Bolsonaro em 2018, quando os golpistas tiraram, de forma ilegal, o ex-presidente Lula da disputa.

Vale lembrar que Roque é o prefeito que não fez nada para combater a pandemia. Não comprou testes em massa para saber quantas pessoas estavam doentes, não fez grandes investimentos em saúde, não se opôs de nenhuma forma à política genocida de Bolsonaro e de Ratinho Jr (PSD). Pelo contrário, ainda gastou milhões de reais em remédios que não tinham comprovação nenhuma de eficácia em combater o coronavírus, como a ivermectina.

Para driblar o movimento e manter o calote contra os trabalhadores, a empresa tem jogado a responsabilidade para o prefeito. Com o velho argumento da falta de dinheiro, os patrões se utilizam da greve para chantagear a prefeitura a liberar gordas verbas de subsídio para a empresa, uma tentativa clara de assaltar os cofres públicos.

Já o prefeito, que tem relações ocultas com a empresa, que é conhecida por financiar campanhas de prefeitos e vereadores na cidade – e que conseguiu sair ilesa da CPI do Transporte em 2014 – tem jogado a responsabilidade para a empresa, dizendo que se não houver resolução irá mudar de empresa.

Os trabalhadores, por sua vez, veem que nesse jogo de empurra, nem os capitalistas, nem o prefeito, que é um funcionário dos capitalistas, tem uma solução para eles.

Neste sentido que a solução para os trabalhadores, que estão sem salário, e a população que é assaltada diariamente pela empresa, é estatizar o transporte. Fazer com que a prefeitura, que é gestora do contrato de concessão, tome para si a operação, dado que o transporte é um direito social presente no Art. 6º da CF e que absorva todos os trabalhadores como servidores municipais, pagando tudo o que deve (que a Viação Rocio não pagou) e extinguindo a tarifa, para que a população possa se locomover na própria cidade.

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