Menos de 24 horas após a decretação da greve dos trabalhadores dos Correios, a direção golpista da ECT (Empresa de Correios e Telégrafos), comandada pelo general bolsonarista Floriano Peixoto, decidiu se apoiar – mais uma vez – no reacionário TST (Tribunal Superior do Trabalho) para atacar a greve e levar adiante os planos do governo ilegítimo de Jair Bolsonaro de demitir dezenas de milhares de trabalhadores e privatizar a empresa. Além de negar, é claro, todas as reivindicações da categoria ecetista na atual campanha salarial.
Segundo os sindicalistas, a greve teria alcançado cerca de 65% dos trabalhadores em todo o País, diante do que a ECT entrou com pedido de dissídio coletivo no TST, ontem (dia 11), quase ao mesmo tempo em que a própria direção do Tribunal ter anunciado que iria encaminhar o julgamento da greve no caso da empresa não se manifestar.
Rapidamente (mostrando que a justiça só é lenta quando interessa aos patrões), a audiência de conciliação foi marcada para hoje, às 13h30, na Seção Especializada em Dissídios Coletivos do TST, em Brasília.
Mostrando sua clara disposição em capitular diante do general e do TST, a federação fantasma criada pelo PCdoB, para dividir a luta da categoria se apressou em dizer que estão “confiantes de haja uma boa negociação, afinal, não tem nenhuma solicitação fora do comum: reposição da inflação no salário e manutenção de benefícios”, por meio de Douglas Cristóvão de Melo, diretor de comunicação da Findect. O sindicalista da entidade que comandou o adiamento da greve, mesmo diante dos ataques do general e da decisão do governo de privatizar a ECT, declarou que “o pedido de dissídio coletivo pelos Correios foi uma vitória dos funcionários, pois obrigou a empresa a recuar e buscar a mediação no judiciário”. Desta forma, buscou deixar evidente de que para esses setores pelegos, a greve nada tem a ver com a luta necessária contra a privatização e que estão dipostos a chegar a um entendimento com os golpistas que não querem atender nenhuma das reivindicações da categoria e ainda pretendem cortar novos benefícios conquistados pela luta da categoria em anos anteriores.
Não há qualquer disposição do governo de chegar a qualquer entendimento real com os trabalhadores. O general e toda a direção golpista querem impor uma derrota a categoria para deixar o caminho livre para a privatização.
Por isso mesmo, para não ser derrotada, a greve precisa avançar no sentido de um combativo enfrentamento da categoria contra o governo e os lacaios dos tubarões capitalistas que querem tomar os Correios por meio de uma privatização fraudulenta, como foram todas as realizadas pelos governos da burguesia golpista. Para que a categoria seja vitoriosa, é preciso superar a politica da imensa maioria das direções sindicais de fazer da greve, dia de folga, em que o trabalhador fica em casa, aguardando pela encenação de negociação que, em 99% dos casos, termina com uma traição das direções aos trabalhadores.
O que está em jogo é o futuro de dezenas de milhares de pais e mães de família. Cerca de meio milhão de pessoas (ecetistas e seus familiares) sofreram rápida e diretamente com a privatização, com demissões, rebaixamento dos salários etc. Todo o povo brasileiro também sairá perdendo com a entrega do patrimônio dos Correios e do monopólio de serviços essenciais para capitalistas estrangeiros e/ou seus consorciados no Brasil.
Não haverá, com certeza, uma “boa negociação”. Ou haverá uma boa derrota dos trabalhadores pelas mão do TST e por com a traição dos sindicalistas, ou haverá uma boa derrota do general e do capitão-presidente. Essa só pode ser conquistada por meio de uma greve ampla, combativa, que promova grandes mobilizações de rua e organize a ocupação dos prédios dos Correios contra as demissões e a privatização.