Os metalúrgicos da planta da Renault de São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, estão há mais de dez dias em greve contra a demissão de 747 trabalhadores, de um total de 7.300 funcionários.
A greve foi iniciada no dia 21 de julho, quando a multinacional decidiu fechar o turno da madrugada, resultando na demissão de quase 800 trabalhadores. A decisão veio após os trabalhadores, corretamente, terem rejeitado um pacote que a montadora queria impor à categoria, prevendo PDV (Plano de Demissão Voluntárias) e o rebaixamento salarial, conforme previsto na Medida Provisória 936, assinada pelo governo golpista de Bolsonaro e Paulo Guedes.
As demissões foram, portanto, uma forma de retaliação dos patrões diante da recusa dos trabalhadores de aceitarem a proposta absurda de corte de salário.
Fica claro, inclusive, o crime cometido pelo governo Bolsonaro ao impor a MP 936, dando respaldo para que os capitalistas usassem a crise como pretexto para rebaixar o salário, coisa que, segundo a CLT, é proibido.
A greve e a mobilização foi o caminho encontrado pela categoria para barrar as demissões. Unir demitidos e não demitidos numa mobilização real contra os capitalistas. Mostra o caminho para outras categorias, de que é necessária uma mobilização real. Que ficar em casa e aceitar todas as imposições dos patrões, que usam a crise como desculpa para atacar ainda mais os trabalhadores, vai levar à degradação ainda maior das condições de vida dos trabalhadores e suas famílias.
No entanto, a greve, que tem sido uma importante arma de mobilização da categoria, é insuficiente nesse momento. Junto com a greve é urgente e necessário aumentar a mobilização. Diante da recusa dos patrões a negociar e readmitir os trabalhadores, a categoria precisa preparar a ocupação da fábrica.
Se é verdade a história triste, contada pelos patrões, de que a empresa está com dificuldades financeiras, que os trabalhadores tomem para si a fábrica e a produção. Diante da incompetência dos capitalistas, que os trabalhadores possam administrar a empresa.
A ocupação da fábrica é uma medida completamente democrática diante das demissões. Nenhum trabalhador deve sofrer para que os capitalistas continuem com seus altos lucros.
A necessidade de ocupar a fábrica é resultado da intransigência dos patrões. Eles não querem readmitir os trabalhadores porque têm o respaldo do governo Bolsonaro, um governo serviçal dos capitalistas. Eles querem forçar o trabalhador a aceitar a medida criminosa do rebaixamento salarial.
Por isso, nesse momento, a greve não é suficiente para derrotar os capitalistas. É preciso uma medida de força dos trabalhadores.
O que está em jogo é a sobrevivência da classe operária e sua família. Contra as demissões, ocupar a fábrica e exigir a diminuição da jornada de trabalho sem diminuição de salário. Trabalhar menos para que todos trabalhem.