A direita não perde oportunidade para sucatear a educação. Contando com a paralisação da esquerda durante a pandemia e a suspensão do ensino presencial, o antigo projeto dos golpistas para o ensino à distância avança. Mesmo com muitos alunos sem acesso a internet ou com um acesso extremamente precário, a questão está para além da disponibilidade nas redes.
É um ataque direto contra a política estudantil, pois são nas escolas e universidades onde os estudantes se organizam politicamente. Ainda, vale enfatizar que ninguém aprende com EaD, o encontro e a presença são fundamentais para o aprendizado. Dessa forma, fica claro que não é uma medida paliativa para a crise, e muito menos um avanço tecnológico na educação. Esse programa criminoso pretende conter a mobilização estudantil e lucrar mais sobre a exploração da comunidade escolar.
Sem ter que se preocupar com os custos trabalhistas e com as caras dependências físicas, a direita precisa apenas organizar um sistema de telecomunicação que funcione minimamente, e uma forte propaganda em torno do “futuro da educação”. Nesse âmbito, em alguns estados estão sendo transmitidas aulas pelas rádios, como no Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. A imprensa coloca como algo maravilhoso, cidades pequenas e pessoas que não tem acesso a internet podem continuar ou começar seus estudos, a educação finalmente chegará a todos. O ensino realmente precisa usufruir dos mais avançados recursos tecnológicos, porém, o EaD não faz parte de um programa para o desenvolvimento nacional. Seu objetivo final é a privatização completa da educação pública.
Ao invés de construir mais escolas, formar novos profissionais e investir de fato na educação, ele pretende gastar o mínimo com a população enquanto provere que dá seu máximo. As limitações técnicas para o uso do EaD são uma dificuldade que o capitalismo pode contornar, uma vez que consolidando-o será capaz de controlar o que é ensinado e para quem é ensinado. A título de exemplo tem-se as ridículas aulas pela TV justiça e pelas rádios, que para a direita, é suficiente para substituir uma escola ou até uma universidade.
Isso só é possível sem uma campanha sistemática de denúncias e de uma forte mobilização por parte da esquerda. É preciso lutar contra EaD em todos os níveis, exigir a suspensão do calendário letivo, são os estudantes, os professores e os funcionários que precisam organizar o sistema educacional.