Nesta semana a direita golpista se articulou para cassar matriculas de estudantes cotistas na USP. Sob a recomendação das Defensorias Públicas do Estado de São Paulo, estado cuja dominação tucana é uma das mais evidentes, a criação de mecanismos de combate a supostas fraudes de autodeterminação racial, isto é, de cancelamento de matriculas já efetivadas. Num claro processo de perseguição aos estudantes negros da USP e um ataque a esse direito conquistado pelo movimento negro.
A recomendação, que é o último recurso para judicialização e aplicação desse processo racista, foi apresentado por estudantes com supostas fraudes nos últimos dois anos. O que mostra dois pontos, a articulação da direita dentro da USP e a fonte das fraudes não serem demonstras pelo jornal burguês que publicou a matéria a fragilidade e a pretensão da acusação. Até porque mesmo se houvesse fraude, não é motivo algum a cancelar todos as matriculas nem tampouco perseguir os estudantes negros de forma humilhante como essa.
O Estadão inclusive já demonstrou em outras matérias a sua repulsa às cotas na USP e se coloca efetivamente na campanha de acabar com esse recurso inclusivo, mesmo que limitado. Como na matéria de 24 de outubro de 2019, o jornal mesmo se encapuzado de um cinismo grosseiro de que esta ou aquela norma está equivocada, se coloca amplamente a favor da derrubada da reforma e contra toda população negra que queira ingressar na universidade, apresentando diversos links de outras matérias, demonstrando que a campanha se estende, e os “argumentos” (aspas pois seria um elogio grotesco a esse jornal transparentemente reacionário) para a direita.
O jornal apresenta dois pontos que faz questão de chamar de “erros graves” da Universidade, se pudesse O Estadão faria a própria gestão, já que a comunidade faz erros tão graves assim. Os dois erros absurdos seriam: “ausência de mecanismos de prevenção” e “não ter instâncias para apuração de denúncias”. Isto é, além da Polícia Militar o Estado quer também que a própria universidade recrudesça e criem instâncias de repressão aos estudantes negros!
Além de pressionar a universidade à reprimir seus alunos, o jornal burguês divulga um determinado comitê extraoficial para denunciar essas supostas fraudes, com números aberrantes que provavelmente nem batam com o número de cotistas no campus. A tendência do tabloide é clara: impulsiona uma campanha e uma organização claramente fascista para perseguição e humilhação dos estudantes negros.
É preciso lutar contra essa ofensiva reacionária e fascista na USP, organizar e chamar a uma ampla mobilização do movimento negro e dos setores progressistas e democráticos para barrar essa aberração! Não é a imprensa burguesa que vai ditar o que deve ou não deve ser feito na Universidade, e sim a própria comunidade acadêmica. Fora Doria! Fora Bolsonaro e todos os golpistas!