A Polônia, país de governo de extrema direita e muito influenciado pelo conservadorismo da Igreja Católica, está seguindo as tendencias direitistas de atacar os direitos das mulheres no meio da pandemia do coronavírus. Foi colocado em discussão no parlamento polonês na última quarta-feira (15) mais endurecimento das leis anti aborto do país, uma das mais rígidas do continente europeu. O projeto prevê a proibição da realização do aborto de fetos com anomalias graves, que correspondem a 98% dos abortos legais feitos atualmente na Polônia, onde é liberado o procedimento apenas em situações de estupro ou incesto, perigo grave a saúde da mãe e os fetos com anomalias graves. Não é a primeira vez que o parlamento polonês apresenta esse tipo de projeto atacando fortemente as mulheres, desde 2016, a discussão voltou novamente em 2018, com leis parecidas apresentadas pelo partido nacionalista Lei e Justiça. Porém, nas outras ocasiões, as propostas foram retiradas de discussão após protestos amplos no país, levando milhares de pessoas as ruas. A diferença agora é que com as leis restritivas da crise do Coronavírus que impedem a liberdade de manifestação e aglomerações, o cenário fica perfeito para que a extrema direita aproveite e coloque em prática suas políticas de ataque aos direitos das mulheres, afinal as mulheres estão sendo reprimidas nas suas tentativas de protestos.
Além do absurdo de restringir ainda mais o direito das mulheres ao aborto e colocar mais vidas de mulheres em risco, também foi apresentado um projeto que criminaliza “a promoção do sexo a menores de idade”, onde a pessoa condenada pode ficar até três anos preso, mas o projeto também é problemático pois ele restringe também as aulas de educação sexual para os jovens, o que poderia colocá-los ainda mais vulneráveis as IST’s, gravidez na adolescência e até mesmo a pedofilia.
O caso polonês não é o único de ataque ao direito das mulheres durante a pandemia, inclusive a crise do Coronavírus tem sido amplamente usada como justificativa para o mesmo. Nos Estados Unidos, em pelo menos sete estados, políticos já introduziram a questão do aborto como não essencial diante da pandemia, restringindo o acesso das mulheres ao procedimento. Na Irlanda do Norte, após pressão feminina, os abortos só começaram a ser realizados semana passada, mesmo com a lei tendo entrado em vigor em março, com a mesma justificativa de que o aborto não era essencial em tempos de pandemia.
A questão do aborto sempre foi amplamente atacada pela extrema direita, a restrição com as mulheres a um direito essencial sempre esteve em pauta e agora está cada vez mais sendo atacado pois os governos estão tirando proveito da situação do Coronavírus com suas leis que restringem as aglomerações, reuniões e protestos, tirando também o direito das mulheres de lutarem pelos seus direitos. O acesso ao aborto legal e seguro é uma questão de saúde pública que deve ser garantido pelo Estado em clínicas públicas para que as mulheres tenham direito de decisão sobre seus corpos. O maior inimigo das mulheres e a sua liberdade é a extrema direita e a mesma deve ser combatida pela união das mulheres em exigir que suas vidas sejam respeitadas.
