O Institute of International Finance, uma entidade criada pelos maiores bancos e empresas financeiras do mundo no final da crise da dívida dos anos 1980, acompanhou o Fundo Monetário Internacional (FMI) na revisão da projeção do PIB brasileiro. O que os dois diferem ainda é sobre a expectativa em relação a 2021. Para este ano os dois projetam um PIB negativo de 5,9%. Até agora o FMI calculava que o PIB brasileiro neste ano iria ter uma queda forte de 9,1%. Para o próximo ano o FMI projeta um crescimento de 2,8% e a entidade dos banqueiros internacionais chuta em 3,6%. São projeções que parecem mesmo chutes, pois se baseiam em cenários de comportamento dos principais indicadores econômicos nacionais, que estão sendo produzidos com algumas falhas tanto na coleta das informações, quanto na qualidade dessas informações. (Brasil 247, 8/10/20 e G1, 5/10/20)
Enquanto o FMI elogia o governo brasileiro pelas medidas que tem tomado, o instituto dos banqueiros enfatiza a instabilidade, o risco da economia brasileira e a convicção de que a retomada será mais demorada e lenta que o anunciado pelo governo. Para o FMI o que salva o país é sua “considerável” reserva internacional e a baixa proporção da dívida pública em moeda estrangeira.
Um dos fatores que irá acabar afetando muito a recuperação da economia brasileira são as exportações. A China demonstra que irá importar menos minerais e talvez mais alimentos. Dois componentes importantes da pauta de exportação brasileira.
Além disso, o baixo crescimento econômico e a reduzida capacidade de investir, provocada principalmente pela PEC do teto de gastos, provocou, de janeiro a agosto, o pior resultado desde 1982, segundo o Banco Central. Os investidores e especuladores internacionais estão deixando o Brasil. Até setembro já deixaram o País US$ 15,2 bilhões. (Correio Braziliense, 23/9/20)
A possibilidade de recuperação das economias periféricas dependerá enormemente da capacidade de investimento (e de endividamento) de cada país, em um momento em que o capital estrangeiro estará procurando mais segurança que retornos rápidos. Entre os países da periferia, o Brasil é o único que criou uma restrição constitucional ao investimento. Os golpistas quiseram mostrar serviço rápido aos seus patrões e no pacote de benesses aos capital internacional, com as privatizações e desmonte do Estado, incluíram o teto de gastos criado para provocar o desmonte das áreas de saúde e educação e que agora engessa a economia e reduz a capacidade do país de retomar a economia usando os mesmos instrumentos que o capitalismo mundial está aplicando nos países desenvolvidos.