De acordo com as notícias mais recentes veiculadas pela imprensa burguesa, o governador de São Paulo, o fascista João Doria, está decidido em vender ou extinguir a Fundação para o Remédio Popular (FURP). O governo planeja fazer o mesmo com outras empresas e fundações estatais, como, por exemplo, a Fundação Oncocentro de São Paulo (Fosp) e a Superintendência de Controle de Endemias (Sucen).
A FURP conta com duas fábricas de remédios no estado de São Paulo, uma em Guarulhos, outra em Américo Brasiliense. 625 dos 645 munícipios do estado recebem medicamentos da fundação, assim como 52 cidades de outros 18 estados. O SUS garante a milhões de pessoas a retirada gratuita desses remédios.
Além disso, sendo pública, a FURP não tem como objetivo principal o lucro, e pode fornecer remédios cuja fabricação não interessa às empresas privadas. Medicamentos para quem não pode pagar, para tratar doenças que atingem sobretudo à população pobre, como a tuberculose e a hanseníase, não interessam aos monopólios farmacêuticos.
Só a produção da fábrica de Guarulhos em 2014 chegou a 1 bilhão de unidades. Mas a quantidade de remédios fabricados encolheu a partir de 2015, após o governo tucano de Alckmin ter entregado a administração da fábrica de Américo Brasiliense para o laboratório EMS, a maior empresa privada brasileira do ramo farmacêutico.
O secretário estadual de saúde responsável pelo acordo de “parceria”, Giovanni Guido Cerri, tornou-se sócio da empresa que tinha assumido o controle da fábrica da FURP. O governo ganhou de presente uma dívida de R$ 74 milhões graças ao acordo.
Não é surpreendente a catástrofe que atingiu a FURP em razão da chamada “parceria” que se deu ao longo dos governos do PSDB. A EMS se comprometeu a entregar 96 medicamentos, mas ela só fabrica efetivamente 18 em Américo Brasiliense. O governo tucano paga quase o triplo do valor normal por esses remédios. A EMS não fez sequer metade dos investimentos que se comprometera a fazer.
Os golpistas do governo de São Paulo transferiram de Guarulhos para a fábrica administrada pela EMS a fabricação de 4 remédios que correspondiam à metade do volume total produzido pela FURP. Mais de 40% da fábrica de Guarulhos tornou-se ociosa e cerca de 75% da fábrica de Américo Brasiliense permaneceu inoperante.
No ano passado, a produção total da FURP encolheu para 529 milhões de unidades, metade do que era produzido em Guarulhos em 2014. A chamada “parceria” entre setor público e privado sucateou uma empresa pública eficiente, endividou-a, ameaça de demissão os seus funcionários, rouba os trabalhadores para encher os bolsos de capitalistas sem qualquer compromisso com a saúde da população.
O fascista João Doria quis fazer com a FURP o que ele fez, em setembro deste ano, com a DERSA. Aproveitando-se da divulgação seletiva de supostos casos de corrupção da DERSA, os golpistas da Alesp e o governador usaram a histeria moralista para extinguir essa empresa pública. Doria quis usar denúncias de corrupção e alegações de ineficiência para justificar a extinção da FURP. Mas, como se apontou acima, a corrupção e a ineficiência foram causadas justamente pela administração tucana!
A Alesp é dominada pelo capital, pelos golpistas, pelos fascistas. O governo de Doria possui apoio majoritário. Frentes parlamentares, CPIs, cirandas e campanhas eleitorais não são o caminho para vencer a luta contra o fascismo. A única via é organizar os trabalhadores para colocar o povo nas ruas, acuar os golpistas, assumir o controle da economia e do estado.