Até hoje, os trabalhadores da da cultura não tiveram a devida assistência governamental em plena pandemia. Para sobreviver às minguas, esses trabalhadores se organizam em coletivos, em todos os sentidos, e trocam solidariedade devido à falta de sensibilidade e estímulos gerais dos governos.
A lei federal sancionada, que homenageia o compositor e escritor Aldir Blanc, uma das mais de cem mil vítimas da covid-19, aparece no cenário político como uma forma de alienar os trabalhadores da área cultural. A novidade é que até do dia 19 de outubro, os trabalhadores da área cultural poderão se cadastrar para receber o auxílio emergencial em três parcelas de R$600 mensais. Serão breves parcelas que estarão esgotadas no final do ano.
Evidentemente que a organização da luta dos trabalhadores das atividades culturais requer uma compreensão do cenário político e das condições objetivas que os trabalhadores de um modo geral estão submetidos com a perda de direitos e violações constitucionais de grande monta.
As atividades culturais brasileiras em tempos normais, sem pandemia, são lembradas “ironicamente” pelos governos. Em tempos normais, os governos dão um cala boca, a partir de nomeações de artistas de notoriedade popular que, com poucos estímulos e recursos, tentam redesenhar a economia criativa da cultura para se promoverem.
Este problema em grande parte se deve a falta de coesão associativa dos trabalhadores da cultura que não estão organizados politicamente para gritar em voz alta “Não aceitamos esmolas, exigimos apoio dos governos e somos contra os golpistas de plantão”.
No Estado do Rio de Janeiro, sobretudo na cidade maravilhosa cheia de cantos mil, a cidade da festa, de grandes compositores, dos artistas, dos produtores, dos técnicos, dos artesãos entre outras especialidades o problema é mais agudo. Os trabalhadores não são lembrados pelo governo, municipal, estadual e tão pouco pelo federal, que em função dos conflitos de ordem política, criam lacunas para o abandono do setor. Este governo é o mesmo que virou as costas para o incêndio do museu da história brasileira. Além dos problemas dos estruturais que todos conhecem, sobretudo, a violência urbana aparelhada pela polícia militar carioca.
O setor da cultura brasileiro movimenta 170 bilhões de reais por ano, de acordo com informações do extinto Ministério da Cultura. Obviamente, o desmonte das atividades culturais já estava em curso antes do Covid-19, como o fechamento de aparelhos culturais, perseguições ideológicas às lideranças, demissões e, sobretudo, o aumento do desemprego e a fome dos artistas, entre outros profissionais, que não têm como se manter. Enquanto isso, o governo federal rebaixou a cultura brasileira para a categoria de uma Secretaria Especial com um orçamento pífio.
Diante da total falência da produção cultural no País, é preciso organizar a derrubada imediata do governo Bolsonaro e do regime golpista de conjunto, inimigo dos trabalhadores e de tudo o que diz respeito a seus interesses.