Nos Estados Unidos da América, existe uma espécie de “governo paralelo”, que tenciona substituir aquele efetivamente eleito, o de Donald Trump. Trump, por mais reacionário que seja, está em contradição com os atuais setores do grande capital financeiro americano, e o governo paralelo americano, é a prova de que não importa quem esteja na Casa Branca, quem governa o capitalismo americano são os grandes capitalistas.
Fazendo campanha anônima no New York Times, às vésperas das eleições de meio de mandato, tudo indica que os setores que compõem tal “governo” podem de fato levar até ao impeachment.
Numa coluna anônima, intitulada “Sou uma parte da resistência interna ao governo Trump”, (I Am Part of the Resistance Inside the Trump Administration), publicada pelo New York Times na quarta-feira 5, um alto funcionário do governo acusou o presidente de amoralidade e falta de princípios.
Mas o que incomoda mais profundamente o partido republicano, pelo qual Trump se elegeu, são as medidas anticomerciais, ou seja, de de desagrado ao mercado financeiro. Alegando interesses de “unidade nacional”, tudo isso teria conduzido setores desse partido a instaurar, de forma anticonstitucional, um governo autônomo.
Revoltado, Trump teria exigido do jornal que divulgasse, em nome da “segurança nacional”, a identidade do autor do artigo, segundo ele “de dimensões criminosas”. O presidente teria pressionado o secretário da Justiça da Casa Branca a iniciar uma investigação, pois quando o governo paralelo quer, é fácil infringir a lei, quando ele não quer, e ainda mais contra ele, é quase impossível.
É possível ver democracia quando os poderosos são contrariados numa eleição, e eles aceitam ser contrariados. Se nos EUA nunca houve golpe, nunca um presidente foi derrubado por um impeachment, como o que ronda o governo Trump agora, é por quê eles nunca foram contrariados antes e não por quê os EUA seriam democráticos.