O general Otávio Rêgo Barros deixou claro que as acusações impetradas pelo governo Bolsonaro contra Glenn Greenwald são embasadas apenas na “percepção pessoal” de Jair Bolsonaro. Ao ser questionado sobre o tema, o Rêgo, o porta-voz do presidente, enrolou-se e não respondeu nada de concreto. A seguir, a transcrição do diálogo presente no vídeo.
No vídeo, o jornalista pergunta para o porta-voz “queria entender exatamente qual crime foi cometido, e com base em que ele faz essas alegações”. Contra a questão, o porta-voz rebate com uma outra pergunta, sem responder a dúvida do jornalista. “Alguma dúvida sobre o crime? – sobre o crime que foi cometido de invasão. Não há dúvida, pela parte do senhor presidente não há dúvida. Acho que não há dúvida por parte de ninguém”. “Eu quero saber qual crime o jornalista cometeu”, insistiu o jornalista.
“Você pode dizer se há dúvida sobre o cometimento de um crime? Essa é a minha resposta”.
“Mas qual crime?”, repetiu o jornalista e foi cortado pelo porta-voz – “Próxima pergunta, por favor.” Dado o silêncio da coletiva, o porta-voz leu o seguinte pronunciamento: “O presidente tem se pronunciado que no entendimento dessa ação de hackers tem ‘a intenção de atingir a operação lava jato, o ministro Sérgio Moro, a minha pessoa, tentar desqualificar, desgastar o governo’ e ressaltou que invasão de telefones é ‘crime e ponto final’, ‘o presidente não colocou em cheque, sequer, em momento algum, a liberdade de imprensa’.
“Porta-voz, quando ele diz ‘hackers’, ele está dizendo que o jornalista atuou como um ‘hacker’” Perguntou, novamente o jornalista. A essa pergunta, o porta-voz respondeu que o entendimento deveria se dar “No todo, vocês têm que entender o contexto no todo”, ou seja, não houve nenhuma resposta concreta sobre o suposto crime contra o qual Jair Bolsonaro acusa Glenn Greenwald.
A acusação com falta de provas, da mesma linha daquela que prendeu um ex-presidente da república, agora ataca a figura pública das revelações do vaza-jato. A série de vazamentos de diálogos desmascaram o caráter persecutório da Operação Lava-Jato em relação ao Lula, ao PT e a esquerda como um todo, e colocam todo o governo golpista de Jair Bolsonaro em cheque. Na corda-bamba, o golpe intensifica seu caráter ditatorial e estabelece uma nova perseguição política na tentativa de desmoralizar as revelações, a fim de estabilizar o regime. Essa saída de força, a alternativa pela ação estatal fora da lei, significa a cassação dos mínimos direitos democráticos que existiam no Brasil. É preciso interpretar esse ataque, portanto, como uma ameaça para todo o povo brasileiro, a esquerda, em especial. Portanto, é fundamental o desenvolvimento da luta contra o governo Bolsonaro nas ruas. Levar o Fora Bolsonaro como pauta central das reivindicações, chamando novas eleições, com Lula candidato, é o caminho para derrotar o golpe de Estado e a ditadura aberta que está se desenhando no país.