Desde que o Brasil enfrenta a pandemia de coronavírus a polarização se intensificou. Opôs de um lado o povo e de outro os capitalistas. Para confundir a população e reciclar a direita tradicional, a imprensa burguesa lançou a tese de que os governadores golpistas (como Doria e Witzel, por exemplo) seriam os opositores de Bolsonaro. No entanto, os mais de 64 mil mortos no País, neste momento, provam que os governadores têm a mesma política de Bolsonaro.
Isso pode ser constatado por diversos fatores. Um deles é pela quarentena, que em todos os estados foi extremamente parcial. Só um setor minoritário da pequena burguesa e a burguesia tiveram direito ao isolamento social. A esmagadora maioria dos trabalhadores teve que continuar trabalhando sem qualquer mínima condição de proteção individual.
Outro dado são as questões já anteriores à pandemia, que foram intensificadas por ela. É o caso do desemprego, que saltou e fez com que pela primeira vez na história do País haja mais desempregados do que empregados. Quem manteve o emprego teve o salário reduzido, quem não perdeu o emprego, ficou sem qualquer forma de sustento e a margem de manobra, que já era muito pequena, tornou-se impossível, veja-se o caso dos entregadores de aplicativos, que explodiu no País com uma forte greve no primeiro dia do mês.
Nesta conjuntura, a imprensa burguesa procurou conduzir a oposição a Bolsonaro promovendo os governadores golpistas, sobretudo Doria e Witzel, como grandes opositores do governo federal, sendo chefes de estado que estariam preocupados com o isolamento social, as medidas de saúde baseadas em orientações científicas. De uma hora para outra, os fascistas que jogam água em moradores de rua em pleno inverno e dizem que a Polícia deve atirar na cabeça da população passavam a ser os grandes estadistas, preocupados com o povo.
Obviamente que era uma farsa grotesca. Uma tentativa de reciclar a direita tradicional, que foi a principal responsável pelo golpe de Estado e a subida do próprio Bolsonaro através da fraude eleitoral de 2018. Vale lembrar do “BolsoDoria”.
Neste momento, todos esses governadores adotam a mesma política de Bolsonaro, destruíram qualquer tipo de quarentenas e promoveram uma abertura geral da economia, ignorando todos os riscos e a rápida escalada do número de casos.
Ou seja, os governadores “democráticos”, “científicos” são tão genocidas quanto Bolsonaro. E não há, da parte de ninguém, uma crítica, como a que houve quando Bolsonaro disse que era necessário suspender o isolamento social. Logo, a crítica é destinada apenas a Bolsonaro como uma forma de manipulação da população, até porque esses setores são contra o impeachment do Bolsonaro.
Por isso, as organizações sindicais, os partidos de esquerda devem denunciar energicamente a suspensão do isolamento social, que não obedece a nenhum critério de saúde, mas apenas ao dos interesses dos grandes capitalistas, que estes governantes representam. E logicamente, que a situação que já é catastrófica no País sobre a questão do coronavírus – um dos piores no mundo, sendo o 2º lugar com mais casos da pandemia, atrás apenas dos EUA – vai se agravar exponencialmente.