Se a pandemia de coronavírus serviu para demonstrar uma coisa foi que, se Bolsonaro é um criminoso que já levou quase cem mil pessoas à morte, os governadores ajudaram no crime. E têm sempre ajudado, seja de maneira direta, seja de maneira indireta, a fazer com que a burguesia saia vitoriosa em suas operações.
Desde o início da pandemia, todos os governadores, sem qualquer exceção, seguiram a mesma política: a política da burguesia. Nenhum tinha um plano sério de combate ao coronavírus. As divergências com o governo Bolsonaro eram superficiais. A única medida que defendiam era a do isolamento social, mas um isolamento bastante parcial e que, desde o início, tinha data de validade. Hoje, o País inteiro reabre, com centenas de pessoas morrendo por dia.
Esse efeito foi sentido até mesmo naqueles estados que são governados por partidos da esquerda, como no Maranhão, no Rio Grande do Norte, na Bahia, no Piauí e no Ceará. E isso se deu porque, em grande parte, esses governadores, incentivados pela imprensa burguesa, procuraram se apresentar como grandes “administradores”, “cientistas”, “técnicos”. Em uma palavra, “gestores”.
Ora, mas mesmo que, de fato, fossem técnicos, esses governadores não teriam capacidade alguma de conter o coronavírus. Na Organização Mundial de Saúde, há inúmeros médicos. A organização, no entanto, não conseguiu emitir qualquer programa realmente eficiente de combate a pandemia. No governo dos Estados Unidos, também há uma grande quantidade de cientistas, mas é o país que mas matou pessoas no mundo por COVID-19. O governo Doria tem uma equipe de infectologistas para acompanhar a pandemia, mas concentra mais mortes que vários países juntos.
A pandemia, no final das contas, nunca pôde ser contida por um conjunto de “cientistas”. Afinal de contas, por trás do vírus da COVID-19, há uma força muito mais destrutiva: a burguesia, entrave para qualquer progresso na humanidade. Nesse sentido, sem travar uma luta contra a direita, não há a possibilidade de qualquer progresso. A burguesia, que já matou tantos milhões de pessoas apenas para evitar a falência de meia dúzia de capitalistas não irá ceder aos interesses do povo apenas por causa de um parecer técnico ou por causa do poder individual de um dirigente local.
O combate ao coronavírus não pode estar dissociado da luta de classes. Trata-se da luta do povo explorado e trabalhador contra os parasitas que estão decorando o mundo no momento mais dramático da história da classe operária. Assim, o papel de um governador ou de qualquer dirigente da esquerda não pode ser o de um “gestor”, que prometa resolver a situação com uma canetada. Muito mais importante que isso é, na medida em que é uma liderança, mobilizar o povo para arrancar da direita aquilo que lhe pertence.