Na segunda-feira dia (6), surgiu nas redes sociais reclamações de pessoas que moram no Rio de Janeiro sobre a coloração e sabor da água fornecida pela Companhia Estadual de Água e Esgoto (Cedae). De acordo com moradores dos bairros afetados o problema não é de agora, mas tem se agravado nas últimas semanas.
Com um cheiro forte e cor escura pelo menos 20 bairros do Rio de Janeiro e Baixada Fluminense estão em alerta com a água que sai nas torneiras e filtros das casas. O Jornal O Dia percorreu a cidade e constatou que o problema da água contaminada atinge cerca de 1,1 milhão de pessoas.
Para o jornal O Dia, Jaqueline Leocadio, 37 anos, estudante de serviço social, moradora do bairro Paciência na zona oeste da cidade relata que “quando a gente abre a torneira, vem aquele cheiro podre, que dá nojo. Nem parece água, está mais para esgoto”.
A Cedae, através de sua assessoria, informa que está coletando amostras para análise. Contrariando os especialistas, manifestou-se em nota, em uma análise preliminar, onde diz que a amostra está “dentro dos padrões de potabilidade, atendendo aos indicadores estabelecidos pelas normas do Ministério da Saúde”.
Para os especialistas se água não se apresentar incolor, inodora e insípida não está própria para o consumo, e recomendam que se ferva a água antes de consumir. Se apresentar algo diferente às características citadas, optar por água mineral. Os mercados cariocas já registram a falta de água mineral nas prateleiras, após os relatos dos moradores nas redes sociais.
Há centenas de denúncias de pessoas que passaram mal após a ingestão. A Secretaria de Saúde informou que os casos de diarreia, gastroenterite e vômitos dobraram nas unidades de pronto atendimento da zona oeste, as ocorrências saltaram de 660 no ano anterior para 1.371 neste ano, no período de 20 de Dezembro a 5 de janeiro.
É importante lembrar que em março do ano passado a Cedae demitiu de uma só vez 54 funcionários, entre eles 5 analistas de qualidade de água. Desde então os testes na Estação de Tratamento de Águas de Guandu não estão sendo feitos com regularidade.
Para o engenheiro e presidente da Federação Interestadual de Sindicatos de Engenheiros (Fisenge), Clovis Nascimento, em reportagem na época divulgada pela Central Única dos Trabalhadores (CUT) “estas dispensas quebram a espinha dorsal da Cedae, pois atingem os pilares estruturais da empresa e, certamente, há uma motivação de celeridade à privatização”.
Apesar de a maioria da população ser contra a privatização da empresa estatal, manifestada em diversas mobilizações ao longo dos últimos anos, o descaso e o desinvestimento pelo governador fascista Witzel vem crescendo a cada dia, situação essa que faz parte de um desmonte da empresa pública para entregá-la para as empresas privadas.
Visto que o lucro da empresa vem se multiplicando nos últimos anos e que após o golpe de Estado de 2016, o objetivo dos golpistas que tomaram de assalto o governo no Brasil é vender todas as empresas nacionais, a Cedae se tornou um alvo fácil e atrativo para mercado financeiro internacional, o que explica a enorme pressão da imprensa imperialista por sua privatização.
Como os capitalistas não tem compromisso nenhum com a população e somente com seus lucros, se a privatização se efetivar, a situação do povo do Rio de Janeiro que depende daquela água tende a se agravar, entre elas estão o aumento de tarifas, contaminação, falta de saneamento, interrupção nos abastecimentos e outros.
Portanto é preciso que os funcionários da Cedae, junto com os sindicatos e moradores do Rio de Janeiro, mobilizem-se nas ruas, ocupem a empresa, para cobrar investimentos e supervisão em relação aos serviços e a qualidade da água que circula na cidade, dizendo não a privatização e fora Witzel.