O stalinismo é o revisionismo com as “botas da GPU”, explicou Leon Trótski, numa caracterização precisa, como sempre, dos fenômenos sociais e políticos de seu tempo. Com isso, o revolucionário explicava que o revisionismo de Stalin e seus comparsas não era fruto de nenhuma elaboração teórica de algum intelectual, mas a imposição desse revisionismo na prática, por meio do poder político exercido pela máquina estatal da União Soviética, que era passado para os Partidos Comunistas no mundo todo.
Podemos, ainda, explicar de outro modo: o stalinismo transformou em política prática todas as ideias revisionistas que já haviam sido derrotadas pelos marxistas na história do movimento operário. A conciliação de classes, o reformismo em substituição à revolução, a revolução por etapas e muitas outras políticas que foram derrotadas.
Não existe, portanto, uma ideologia stalinista, nem mesmo um programa stalinista. O que existiu foi esse fenômeno social e político que era a burocracia soviética e que impunha, através da máquina estatal, uma confusão profunda no movimento operário internacional.
Ao nos referirmos aos chamados stalinistas de hoje estamos nos referindo a pessoas que cultuam a personalidade de Stalin ou determinados aspectos dessa personalidade. O próprio Stalin não era, nem nunca foi um intelectual marxista digno de qualquer consideração desse ponto de vista.
Diante disso, a maior parte dos stalinistas de hoje procuram negar serem stalinistas. Na realidade, eles procuram relativizar os crimes do stalinismo. Fazem concessões a Stalin e procuram com isso diminuir o papel totalmente nefasto que cumpriu dentro do movimento operário.
A principal tarefa de um verdadeiro marxista e revolucionário diante da questão do stalinismo seria denunciar esse fenômeno como um gigantesco movimento de traição à classe operária. Nesse sentido, as pessoas que procuram ir na contramão disso acabam caindo na vala comum daqueles que cultuam o antigo líder da União Soviética.
Esse é o caso de Domenico Losurdo e seus discípulos no Brasil, como Jones Manoel, blogueiro do PCB. Sob o pretexto de “desmistificar” Stalin, acabam se colocando na defesa do stalinismo e portanto na defesa da política de traição de classe, do revisionismo, dos crimes contra a classe operária e os revolucionários. Recentemente, por exemplo, Jones Manoel, o blogueiro do PCB, veio a público defender o “pluralismo no marxismo”. Nem o marxismo, nem ciência alguma é “plural”. Esse é apenas mais um pretexto para legitimar todos os desvios do marxismo praticados pela burocracia soviética.
Eles não querem ser chamados de stalinistas, mas sua posição de defesa de algum “legado” de Stalin acaba transformando-os em stalinistas, já que a defesa integral do stalinismo é impossível para qualquer pessoa que conheça minimamente a história do movimento operário, como daqueles que veneram e cultuam a figura do “pai dos povos” sem absolutamente nenhuma crítica, mas esses parecem caminhar para um caso clínico.