Por meio de uma portaria do ministro Mendonça Filho publicada no último dia 28 de março, foi “revogada, a pedido, a autorização de funcionamento da unidade Campus Avançado Sobradinho, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Brasília IFB”.
Os Institutos Federais de Educação foram destaques na política de interiorização da educação pública levada a cabo durante os treze anos de governo do Partido dos Trabalhadores. Até então, havia 140 escolas técnicas no país. Entre 2003 e 2016 foram criadas mais de 500 novas unidades, totalizando 644 campi de 38 Institutos voltados à formação técnica de nível médio. Somente o IFB de Brasília, inaugurado em 2009, conta com mais de 10 campi, atendendo o Plano Piloto, Ceilândia, Vila Estrutura, Gama, Planaltina, Recanto das Emas, Riacho Fundo, Samambaia, São Sebastião e Taguatinga. A criação do Campus Avançado Sobradinho fora autorizada em 11 de maio de 2016, pelo então ministro Aloísio Mercadante, às vésperas do afastamento de Dilma. Embora prometesse originalmente 300 vagas na região, a unidade nunca fora de fato implementada.
Os campi do IFB são hoje importantes focos de mobilização do movimento estudantil, e alguns deles foram ocupados pelos estudantes no final de 2016, como parte da mobilização nacional contra o novo Regime Fiscal que então tramitava no Congresso Nacional como – a PEC da Morte.
Os Institutos foram alvo de um brutal corte orçamentário pela gestão golpista de Michel Temer e seu ministro Mendonça Filho. Para o ano de 2018, a rede demandou R$ 3,9 bilhões para assegurar seu funcionamento, equipamento e investimentos, tendo recebido apenas R$ 2,2 bilhões na previsão orçamentária total. Para a implementação das novas unidades, demandava-se um orçamento de R$ 1 bilhão, tendo sido previstos apenas R$ 67 milhões (a 15ª parte do necessário). A consequência é o cancelamento da abertura dos novos campi e cursos anteriormente planejados.
De fato, segundo matéria publicada no portal Brasília 247, alunos do IFB vinham denunciando a redução drástica de verbas governamentais desde 2017, o que provocava apreensão quanto ao término dos estudos naquele ano.
Em nota enviada por email, o IFB informou que, embora houvesse sido autorizado, o Campus Avançado Sobradinho não pôde ser implantado: “diante da disponibilidade de terreno e prédio da região administrativa do Recanto das Emas e de poucos recursos disponíveis para a instalação de duas Unidades, os gestores do IFB decidiram por priorizar a instalação do Campus Recanto das Emas, o que foi feito com a reforma e adequação de prédio cedido para o atendimento das demandas das audiências públicas de pelo menos 1 mil estudantes/ano”.
O objetivo dos golpistas é claro: sucatear e extinguir completamente o sistema público de educação – sobretudo as instituições federais de nível médio e superior. Com isso, a universidade voltará a ter seu acesso restrito àqueles que podem pagar por ela, quer pelos cortes nas vagas nas instituições públicas, quer pela ameaça de cobrança aos seus alunos. O ensino técnico e superior voltará a ser uma ferramenta elitista de distinção social, e não mais um trampolim de ascensão para uma camada da população que jamais tivera acesso a ele.
