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Farsa

Golpistas arrependidos tentam se reciclar mas não enganam ninguém

José Padilha segue os passos de Reinaldo Azevedo e FHC, mas nenhum desses nunca deixou de ser inimigo da esquerda

O cineasta José Padilha declarou na última semana que se equivocou ao apoiar a Operação Lava Jato, o juiz fascista Sergio Moro e o procurador Deltan Dallagnol. Disse ainda que, em um segundo turno em 2022, votaria em Lula contra Bolsonaro.

Padilha é o diretor da série “O Mecanismo”, que foi exibida em 2018 na Netflix. Trata-se de uma propaganda barata do imperialismo a favor do golpe e contra o ex-presidente Lula. A série apresenta os agentes imperialistas da Lava Jato como heróis contra a corrupção do PT. Uma peça de propaganda típica dos norte-americanos durante a chamada “Guerra Fria” contra seus inimigos políticos para golpeá-los. Cheia de atores da Rede Globo, exibida por uma companhia imperialista e produzida por um reacionário famoso, a série fez parte da campanha pelo golpe de 2016 e pela prisão do ex-presidente Lula, o que resultou na ascensão da extrema-direita e na eleição fraudulenta de Jair Bolsonaro.

O diretor é o mesmo do filme Tropa de Elite, outra peça de propaganda da direita – e da extrema-direita, do fascismo – contra a corrupção e em defesa da máquina mortífera do Estado que é a Polícia Militar.

Ou seja, Padilha sempre foi um funcionário da burguesia, da extrema-direita e do imperialismo. Agora, no entanto, que ficou muito feio apoiar publicamente o golpe e o governo Bolsonaro, tenta se passar por uma pessoa que reviu seus conceitos e se arrependeu de ter apoiado o golpe.

É uma tentativa de se reciclar para ganhar apoio da esquerda, como contrapartida de um “apoio” dele. O mesmo vimos com o pseudojornalista Reinaldo Azevedo, outro notório golpista e impulsionador da extrema-direita bolsonarista. Não se trata de apoiar a esquerda, mas de torná-la dependente de seu apoio, largando o movimento de massas. E a esquerda, dependendo do apoio de seres como esses, daria no final das contas com a cara na porta pois o resultado já vimos em 2016-2018: a direita é fiel à burguesia, e a burguesia quer o coro dos trabalhadores, e sabe que neste momento nenhum partido de esquerda tem condições de arrancar esse coro, apenas a própria direita ou, novamente, a extrema-direita.

O mais recente desses casos é ainda mais esdrúxulo. Trata-se do golpista-mor, modelo de gestão para a direita brasileira, a velha raposa Fernando Henrique Cardoso. Seu encontro com o ex-presidente Lula e suas declarações de que, em um segundo turno, votaria em Lula contra Bolsonaro, têm semeado ilusões no meio da esquerda de que seria possível trazer para si pessoas tão gabaritadas como FHC e outros.

Mas é preciso ter muito claro que não existem golpistas verdadeiramente arrependidos, ou esses são ao menos muito escassos. A burguesia tem utilizado seres abjetos como FHC e Padilha para confundir a esquerda cuja luta central não deve ser travada em aliança com a direita ou através das instituições – como a CPI da Covid – mas sim nas ruas. O problema é que, investindo na aliança com esses setores da direita tradicional, a esquerda acaba deixando de lado a mobilização dos trabalhadores acreditando que essa aliança seria capaz de derrotar Bolsonaro, costurando acordos por aí com os maiores responsáveis pelo saque dos trabalhadores.

O próprio Padilha, ao mesmo tempo em que tentou pagar de progressista, reconheceu seu antipetismo e revelou sua natureza política reacionária: “eu estava errado com relação ao Moro e ao processo jurídico que ele e Deltan fizeram na Lava Jato. Mas eu não estou e nunca estive errado sobre o Lula (grifo nosso//). Mas, se a eleição ficar entre Lula e Bolsonaro, voto no Lula.”

Isto é, Padilha não voltou realmente atrás em relação à sua posição golpista. É exatamente a mesma postura de FHC e de toda a direita que se passa por “democrática” e “civilizada” tentando se livrar de Bolsonaro para substituí-lo por um carrasco ainda mais brutal dos trabalhadores.

Logicamente que esse carrasco não pode ser Lula. Lula tem uma base operária gigantesca, sofre pressões da CUT e dos sindicatos, do MST e dos movimentos populares. Não tem condições de atacar os direitos da população como a burguesia e o imperialismo pretendem fazer. Por isso a burguesia imperialista descarta um apoio a Lula.

“Mas”, nos dirão os incautos da esquerda pequeno-burguesa, “FHC, Padilha e outros estão declarando publicamente que apoiarão Lula”. Como dissemos, fica muito feio declarar apoio público a Bolsonaro. Tanto porque é odiado pelos trabalhadores como porque a burguesia ainda tenta uma terceira via, um candidato do centrão que vence Bolsonaro e Lula nas eleições. Não pode declarar apoio público a Bolsonaro ainda.

Enquanto fala da boca para fora que apoiaria Lula, a burguesia trabalha para sabotar sua candidatura. Essa sabotagem passa, principalmente – como nos referimos acima -, pela inviabilização da movimentação dos trabalhadores. O “apoio” de FHC à esquerda, por si só, já seria algo “brochante” para a base eleitoral da esquerda, que não admite alianças com o seu maior inimigo.

Além disso, desvia a atenção da esquerda. Quais são seus verdadeiros aliados, golpistas ou até mesmo bolsonaristas “arrependidos” ou o povo trabalhador?

Também não podemos ser ingênuos de acreditar em palavras vãs. Se FHC, Padilha, Maia e outros fizeram o que fizeram para derrubar o PT e prender Lula, levando Bolsonaro ao poder, por que teriam mudado de ideia?

A burguesia e o imperialismo não deram o golpe retirando a esquerda do governo para depois de pouco tempo trabalhar para que ela volte ao governo. O golpe foi para colocar alguém de confiança da burguesia no poder, como Temer ou o PSDB. No entanto, os cálculos não foram exatos e o golpe impulsionou a extrema-direita, que conquistou certa independência da burguesia e levou as eleições – a burguesia teve de apoiá-la pois não tinha alternativa, seus candidatos foram pulverizados pela polarização.

Agora, a burguesia trabalha para que a terceira via apareça. Porém, cada dia que passa o tempo vai se esgotando. O cenário apresenta-se cada vez mais semelhante a 2018, quando a burguesia não conseguiu ninguém para derrotar o PT e teve de apoiar Bolsonaro. E, naquela época, nem FHC nem os principais setores políticos da burguesia fizeram campanha aberta por Bolsonaro. Mas todos sabemos que a burguesia e seus políticos tradicionais foram fundamentais pela vitória do ex-capitão.

A esquerda deveria ter aprendido com 2018. Seus inimigos de classe sabem que são inimigos de classe. E são fiéis à sua classe. Sua classe, a burguesia, não quer Lula. Podem dizer que votarão em Lula, mas no final das contas a situação levará a burguesia a votar em Bolsonaro para evitar a volta do ex-presidente..

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