O golpe de Estado continua mantendo suas arbitrariedades pelo judiciário. A lógica que ordena esse poder da República é: se houver algum empecilho para os interesses do imperialismo, deve ser imediatamente removido, mesmo que em outros tempos tenha servido fielmente aos ditames golpistas. É o caso de Eduardo Cunha.
Eduardo Cunha, enquanto deputado federal e presidente da Câmara Federal, foi um dos maiores articuladores dos golpe de Estado dentre os parlamentares. Jogou sujo, como é costume dos golpistas, e feriu diversas instâncias democráticas para conseguir aprovar a manobra mais fraudulenta da história parlamenta brasileira, o impeachment de Dilma Rousseff.
Como a política é a arte de defender incondicionalmente os próprios interesses de classe, os golpistas trataram de trancafiar Cunha na cadeia, tão logo concluído o processo de impeachment na Câmara. Afinal, como o grande mote enganador da burguesia é a “caça à corrupção” para dar seus golpes, é preciso sangrar alguns de seus comparsas para justificar suas atrocidades contra os direitos democráticos, dando-lhes um caráter falso de justiça para todos.
Assim, como não é difícil encontrar falcatrua em golpista, a Operação Manus identificou o envolvimento de Eduardo Cunha com um esquema de propina. Seguiu o protocolo e prendeu um de seus mais centrais instrumentos na engrenagem do golpe. Encantou a esquerda-pequeno burguesa, e com esse “canto de sereia”, partiu ávida para prender Lula.
Contudo, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Marco Aurélio Mello, concedeu um habeas corpus para que Cunha pudesse sair da prisão. Ainda assim, como ainda é réu em outros dois processos, a justiça achou por bem mantê-lo preso. A esquerda não pode se iludir com esse impedimento de Cunha sair da prisão, sem antes, compreendê-la do ponto de vista político.
A burguesia imperialista norte americana, por meio do judiciário brasileiro, quer manter Lula preso a todo custo sem ter sido condenado em todas as instâncias. Para justificar esse andamento do golpe, é preciso também insistir com um amigo da burguesia preso sem passar por todas as instâncias, Eduardo Cunha, para dar uma impressão de que a justiça julga igualmente a todos e independente da classe que representa.
Trata-se de um grande engano. É mais um desrespeito à Constituição Federal no que tange à detenção apenas após esgotados todos os recursos da defesa. Para reverter essa situação inconstitucional, é preciso que a CUT convoque uma greve geral por tempo indeterminado, pela liberdade para Lula e sua participação nas eleições, anulação do impeachment de Dilma e pelo fim da intervenção militar no Rio de Janeiro.
