As tentativas dos EUA de reformatar o cenário político da América Latina à sua medida, no espírito da ressuscitada doutrina Monroe, causam grande preocupação. Em essência, Washington se arrogou o direito, baseado em suas próprias interpretações de usar a força onde quiser derribar governos que, entre outras razões, não o satisfazem” (sítio Sputniknews, 11/09).
Essas palavras são do atual chanceler russo, Sergei Lavrov, onde o Ministro das Relações Exteriores da Rússia caracteriza a situação na América Latina não só como preocupante, como afirma que a região está sob forte pressão dos Estados Unidos. Isso nada mais é do que o reconhecimento puro e simples da política de ingerência e intervenção do imperialismo no continente latino, onde a Casa Branca e os falcões ianques (a soldo do grande capital imperialista) buscam a derrubada de todos os governos que se coloquem como hostis à política de Washington para as Américas.
A eleição de governos populares no continente nas últimas décadas (Argentina, Uruguai, Brasil, Bolívia, Equador, Venezuela) fez acender o sinal de alerta nos EUA, com o temor de que a situação escapasse ao controle do imperialismo, que sempre considerou a região como o seu “quintal”. A política da Casa Branca para a região, portanto, está centrada na determinação de recuperar a hegemonia norte-americana, ameaçada não só pela entrada em cena das massas populares de diversos países, que repudiam a presença do imperialismo na região, como também pela influência conquistada por outras potencias, como Rússia, China e Irã, que, também nas últimas décadas, ampliaram suas relações comerciais e militares com governos populares do continente.
Os golpes de Estado e a derrubada de governos populares no continente, portanto, não se apresentam – como muitos querem fazer crer – como fatos isolados ou conjunturais, ou ainda por fatores “internos” de cada país, mas estão sintonizados com a estratégia de conjunto do imperialismo para fazer valer os seus interesses de rapina na América Latina. A pressão e as ameaças de Washington, no sentido de fazer uso da força militar para impor a sua política ao conjunto dos povos oprimidos das Américas, obedece a um só propósito: sufocar e fazer retroceder a tendência geral manifesta em quase todos os países do continente, que não é outra senão a rebelião popular das massas pauperizadas, atacadas em seus mais elementares direitos pelos governos pró-imperialistas da região.
A luta em defesa da soberania e da autodeterminação dos povos latino americanos passa, em primeiro lugar, pela denúncia da política do imperialismo para a região, expressa no apoio e na sustentação, por parte dos ianques, aos regimes reacionários direitistas de corte fascista, como é o caso do Brasil, com Bolsonaro e da Colômbia, com Iván Duque, passando por Lenin Moreno, do Equador, sem esquecer de Mauricio Macri, na Argentina, responsável pela maior crise e debacle econômica vivenciada pelo país nas últimas décadas.