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Extrema-direita

Golpe no Peru coloca aliado de Fujimori no poder

A extrema-direita peruana ganha espaço dentro da política nacional após golpe contra o já direitista Vizcarra, representando mais um episódio de luta interna entre a burguesia.

Na última segunda-feira (9), o presidente do Peru, Martín Vizcarra, foi destituído do poder após votação no Congresso. Dos 130 membros, foram 105 votos favoráveis à medida, 4 abstenções e somente 19 votos contrários. O Congresso acusou Vizcarra de “incapacidade moral permanente”, termo jurídico que, de cara, já deixa uma interpretação extremamente ampla no que diz respeito ao crime cometido pelo agora ex-presidente.

O substituto de Vizcarra, Manuel Merino, que tomará posse nesta próxima terça-feira, é um dos grandes expoentes do chamado Fujimorismo, corrente política baseada na ideologia de Alberto Fujimori. Fujimori foi um dos grandes ditadores da América Latina, levando uma administração extremamente autoritária e anti-comunista, sendo diretamente responsável pela morte de centenas de militantes do Sendero Luminoso, partido político maoísta que lutou contra a ditadura de Fujimori. Ademais, Alberto foi extremamente duro com a população do campo, demonstrando uma ditadura de caráter genuinamente fascista. 

Para entendermos melhor o que acontece atualmente no Peru, é prudente retornarmos em alguns acontecimentos chave que direcionam a política do País até os dias de hoje. Em um primeiro momento, temos o governo de Fujimori que, como visto, foi extremamente sanguinário com a classe operária peruana. O Fujimorismo é uma vertente política que tem forte expressão na política peruana até os dias de hoje. Prova disso é que, nas eleições que elegeram Pedro Pablo Kuczynski, antecessor de Vizcarra, sua principal concorrente era a filha de Fujimori, fundadora do partido Força Popular. Vale ressaltar que Kuczynski também foi derrubado por um golpe dentro do congresso, acusado de corrupção da mesma forma que Vizcarra. Ou seja, há algumas décadas que a situação política no Peru é extremamente instável em decorrência a uma verdadeira guerra entre os setores da burguesia que, inevitavelmente, é influenciada pelo imperialismo norte-americano.

Vale notar que, no Peru, não existe uma força de esquerda influente o suficiente para fazer frente contra a direita peruana. Não existe um partido revolucionário que possa utilizar da crescente crise política peruana para organizar a classe operária do País e lutar contra a extrema-direita nacional. A fragilidade do regime burguês não é explorada no sentido de organizar as massas é pôr um fim ao regime golpista do País, o que contribui para o esmagamento constante dos trabalhadores que, neste momento, sofrem com os avanços da direita sobre a política nacional.

O golpe feito sobre Vizcarra faz parte de um processo golpista que se assemelha muito a uma “lava-jato peruana”. Como foi dito, Kuczynski foi destituído do poder sobre o pretexto de corrupção num caso que envolvia a própria Odebrecht, demonstrando uma clara intervenção do imperialismo na situação política dalí. Agora, Vizcarra foi destituído com alegações de que, enquanto era governador, foi responsável por um esquema de corrupção milionário envolvendo duas empresas de construção, algo que ainda não foi comprovado pelas autoridades locais, mesmo que tenha sido utilizado como principal motivação para sua saída do poder. Logo, fica claro que o que houve no Peru não passa de uma continuidade da infame campanha da luta contra corrupção e a própria acusação sobre Vizcarra deixa isso bem claro no momento em que se trata de um discurso moralista, não material.

Deve ficar claro que o que está acontecendo no Peru é o reflexo de uma luta política interna entre os diversos setores da burguesia. Afinal de contas, Vizcarra chegou a dissolver o Congresso que, na época, era composto por uma maioria Fujimorista, alegando corrupção por parte dos parlamentares ligados à figura do ex-ditador e de sua filha. Agora, quem ascende ao poder é, ninguém mais ninguém menos, que um representante desta extrema-direita que, decerto, utilizará de seu governo para atacar as já frágeis instituições democráticas do Peru e para aprofundar ainda mais o processo golpista que infesta a política do País há algumas décadas.

A situação peruana coloca a necessidade da construção de uma alternativa independente por parte da esquerda. A organização da classe operária em torno de uma política revolucionário é imprescindível para que a política da burguesia não afogue os trabalhadores na miséria, que é o que acontece há tempos no Peru. Nesse sentido, a crise política peruana deve ser utilizada pela esquerda como forma de desenvolvimento da luta da classe operária dentro do País. Caso contrário, a direita se reagrupará em uma política ainda mais reacionária, aos moldes do fujimorismo, a depender das necessidades do imperialismo.

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