O golpe militar colocado em marcha na Ucrânia no começo desta semana é consequência direta do processo golpista naqueles país, iniciado em 2014. O golpe na Ucrânia tem muitas semelhanças com o golpe dado no Brasil, contra a presidenta Dilma Rousseff. Em 2014 estava a frente do governo ucraniano Viktor Yanukovych. O seu governo tinha um caráter nacionalista, mas, mais ainda, estava se deslocando para um acordo com a Rússia, contrariando os interesses imperialistas, os quais pressionavam a Ucrânia a se integrar à União Europeia. O governo de Yanukovych se opôs a uma proposta de entrada da Ucrânia na UE em 2013, o que submeteria completamente o país do leste europeu aos interesses dos grandes bancos, do próprio imperialismo.
Foi lançada então uma campanha contra seu governo, cujo um dos principais focos era a corrupção, tal qual foi feito no Brasil. Os setores golpistas , a extrema-direita, os fascistas, se apresentavam como nacionalistas, mas na verdade, como se observa hoje na Ucrânia, são verdadeiros capachos dos interesses norte-americanos, servem como cães amestrados dos EUA e da OTAN na implementação de uma política de guerra contra a Rússia. Assim como no Brasil, o núcleo fundamental das manifestações contra o governo YanuKovych em 2014, era a extrema-direita, representada por movimentos como o Pavor Sector (Setor Direito) e o Svoboda.
Estas organizações, de características fascistóides estavam à frente dos protestos na praça Maidan. As manifestações evoluíram para um confronto violento, servindo para causar desestabilização no governo. Um episódio marcante foi o assassinato de mais de 70 pessoas, civis e policiais, por atiradores de elite, snipers profissionais, que se posicionaram em pontos estratégicos onde ocorria a manifestação em Kiev.
O caso até hoje não foi esclarecido, mas investigações independentes indicam que os atiradores foram contratados pelos próprios setores golpistas, financiados pelo imperialismo, com o único objetivo de intensificar a desestabilização do governo. Após a queda de Yanukovych, a extrema direita passou cada vez mais a tomar conta do regime politico. A crise política levou a uma intensa luta interna no país, uma guerra civil. Contra os fascistas, grupos armados começaram uma rebelião na região de Dombass. O conflito segue até hoje.
Após a subida ao poder, a extrema-direita tratou de instaurar uma política de repressão à esquerda. O Partido Comunista Ucraniano foi colocado na ilegalidade, lideranças sindicais, ativistas foram presos e mortos. Nesse sentido, o golpe militar instituído na Ucrânia nessa semana faz parte dessa sequência de acontecimentos, é uma evolução política do processo golpista, dada a necessidade do imperialismo de impor cada vez mais sua política de terra arrasada na Ucrânia e, também, estabelecer um cerco militar contra a Rússia.
É preciso tirar as lições do processo golpista na Ucrânia para o processo brasileiro, onde a extrema-direita, por meio da fraude chega ao governo, como sequência do golpe em 2014. Tanto no caso ucraniano, como no caso brasileiro, a saída não será por meio das instituições, controladas cada vez mais pelos militares e pela extrema-direita. Somente a mobilização popular, da classe trabalhadora, pode impor uma verdadeira derrota aos golpistas.