A assessoria da Secretaria da Cultura, outrora Ministério da Cultura, informou que Jane Silva, uma pastora evangélica autointitulada “reverenda”, aceitou o cargo de secretária-adjunta, o que equivale, na prática, à vice-presidência. Ao que tudo indica, a pastora ficará no cargo temporariamente, até a entrada de Regina Duarte – a atriz histérica, de extrema direita, ressuscitada pelo golpe para participar dos coxinhatos contra os governos do PT.
Jane Silva, para além da oratória enfadonha que caracteriza os evangélicos, é uma figura de certa relevância entre as igrejas neopentecostais. Há quase dois anos, Jane fez parte da força tarefa que promoveu um evento em comemoração aos 70 anos da formação do estado de Israel. É entusiasta da facção de cristãos que fazem uma malabarismo hermenêutico para apontar o estado genocida de Israel como um indício da aproximação do retorno de Cristo.
Contudo, a coisa é muito mais simples. Ainda que não houvesse Roberto Alvim parafraseando Goebbels, que Regina Duarte não fosse devedora de centenas de milhares de reais por irregularidades na Lei Rouanet, que Weintraub não fosse a mistura equilibrada de falta de caráter com incapacidade técnica, que os filhos do presidente não fossem ligados a milicianos e que o irmão, os amigos e os principais ministros não estivessem implicados por esquemas explícitos de corrupção, a palavra de ordem seria uma só: fora Bolsonaro.
A ideia absurda de tentar controlar o governo, degolando as cabeças colaterais da hidra, é tão inútil quando no mito grego. A única forma de derrotar o fascismo em definitivo, ou, ao menos, mantê-lo na defensiva, é esmagando politicamente o líder da facção. É preciso tirar do poder Bolsonaro e limpar o país das rebarbas do bolsonarismo.