O maior monopólio da imprensa burguesa, a Rede Globo, aparenta estar atenta às críticas e denúncias que sempre recebeu por ser racista. Famosa por limitar a participação de atores negros aos papéis de empregada e motorista ou de forma completamente caricata, parece que agora a Globo tenta surfar na onda das chamadas pautas identitárias, sempre num caráter mais raso que um pires, claro.
Principal apoiadora do golpe e de todas as medidas reacionárias contra a população, como a Reforma da Previdência, a emissora tenta de todo jeito mascarar sua verdadeira face, de extrema-direita, nem que para isso ela tenha que ceder alguns espaços para falar de racismo. A Revista Marie Claire, do Grupo Globo, publicou uma matéria cínica com 20 frases racistas que as pessoas usam, um manual do que não se deve falar e que pode ser considerado racista.
No entanto, essa fala é totalmente distracionista. Se utilizando de demagogia pura, a empresa esconde que uma de suas maiores características é também empregar racistas. Em 2016, quando William Waack cobria as eleições dos EUA, soltou um comentário racista e mesmo assim a Globo só o demitiu um ano depois, quando a gravação foi publicada, ou seja, se seu “podre” não é de amplo conhecimento público, então está tudo bem.
A Rede Globo é abertamente direitista e inimiga do povo, mas não vai deixar de pautar assuntos de acordo com a sua conveniência, como é o racismo e a questão do “empoderamento”. A falácia de que a Globo tem aberto espaços pra essas temática e que com isso está do lado do povo confunde a cabeça da esquerda pequeno-burguesa. Inclusive, é comum ver partidos da esquerda aplaudindo essas iniciativas vindas da mesma emissora que sempre trabalhou contra o povo. A burguesia imperialista utiliza a tática de impulsionar tais “pautas identitárias” (racismo, machismo, homofobia) para que elas substituam a luta de classes como luta principal da esquerda. É uma total confusão e capitulação a esquerda cair nesse jogo da burguesia, desviando assim o principal foco de luta que é pela derrubada do regime burguês, encabeçada pela classe operária.
Não adianta criar programas como “Amor e Sexo”, onde Djamila Ribeiro participa para iludir as mulheres negras com questões de “empoderamento” e individualismo, onde a “lacração” toma conta, e não se discutir que a mesma emissora apoia a política de Estado genocida, o encarceramento de pessoas negras e pobres, que apoia reformas em que o povo mais prejudicado vai ser o povo negro e pobre, que apoiou o golpe, que sempre apoiou o PSDB, partido abertamente violento e assassino do povo.
Discutir o racismo é apontar que é um problema estrutural, econômico, que é um dos pilares de sustentação do capitalismo e que só será combatido verdadeiramente quando os negros se unirem em massa ao conjunto dos explorados em um movimento revolucionário contra a burguesia.