Em meio ao aumento exponencial do desmatamento da Amazônia e de outros biomas do País, em grande parte para beneficiar grileiros de terra públicas, o governo de Jair Bolsonaro decretou uma ação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) para o “combate” a desmatamento ilegal e focos de incêndio na Amazônia Legal.
A GLO é uma medida da ditadura para colocar as forças armadas nas ruas com poder de policia e colocas os órgão ambientais, responsáveis pelo planejamento de ações preventivas e de combate através da fiscalização, como o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) ou Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) sob a tutela dos militares.
A medida entra em vigor entre 11 de maio e 10 de junho deste ano, mas pode ser estendida por mais alguns meses e o segundo ano consecutivo que Bolsonaro recorre aos militares para ações contra incêndio e desmatamento na Amazônia, e na primeira não serviu para nada e o desmatamento disparou.
Neste momento, 3 mil soldados estão no Estado de Rondônia, um dos que mais desmatam e com maiores índices de violência no campo do país, para iniciar as operações “contra” a destruição da Amazônia. Segundo o ministro da Defesa golpista, Fernando Azevedo, as Forças Armadas estão estabelecendo bases em três cidades, com “3.800 soldados mobilizados contra extração ilegal de madeira e outros crimes, a um custo operacional inicial de 60 milhões de reais”.
Militares na Amazônia no momento de votação da MP da Grilagem de terras
A decisão de Bolsonaro e a ida dos militares para a região Amazônica levanta mais dúvidas sobre os objetivos da operação quando está para ser aprovada em qualquer instante, inclusive já pode estar aprovada no momento da publicação deste artigo, a Medida Provisória 910, conhecida como a MP da grilagem ou da Regularização Fundiária.
Essa medida pretende regularizar milhões de hectares de terras griladas e que são em grande parte responsáveis pelo aumento exponencial do desmatamento e a corrida por terras dentro da região Amazônica. A medida é um incentivo a novos e antigos processos de grilagem porque anistia crimes ambientais e de roubo de terras de grandes propriedades, coloca valores da terra 98% menores do mercado, grande parte pode ser realizada por autodeclaração e realizado pelo mesmo dono em mais de uma área. Tudo em benefício dos latifundiários.
Grande parte da população e das organizações de esquerda e progressistas se colocam contrários a aprovação dessa medida criminosa que se for colocada em pauta será aprovada porque a maior parte do Congresso Nacional apoia esta medida, incluindo o tão sonhado parceiro da esquerda contra Bolsonaro, o “centrão”.
Fica evidente que os militares estão para garantir que não haja reação dos movimentos populares do campo e que os grileiros e latifundiários estejam protegidos pelo governo Bolsonaro.
Uma ditadura no campo
Essa é mais uma medida do governo Bolsonaro para implantar uma ditadura através das chamadas “aproximações sucessivas”, e esconder os verdadeiros números da destruição e da grilagem de terras, além de proteger os verdadeiros culpados por essa situação: os latifundiários.
Destacamos aqui o temo “combate” porque ficou evidente que o governo da golpista tomou uma série de medidas para incentivar os latifundiários a realizarem essa enorme destruição dos recursos naturais através de medidas de militarização dos órgãos ambientais, cortes nos recursos de operações de fiscalização, perseguição a servidores e anistia de multas em latifundiários.
É evidente que essa medida para esconder e proteger os criminosos latifundiários que invadem terras indígenas e unidades de conservação, atacam posseiros e trabalhadores sem-terra, indígenas e quilombolas, e destroem o patrimônio público. Para fazer esse serviço, nada melhor que chamar os especialistas em esconder crimes como os militares.
São os mesmos que cometeram atrocidades do período da ditadura contra os povos indígenas e assassinaram pelo menos 8 mil indígenas nos anos de chumbo para entregar suas terras para os latifundiários. Também são responsáveis por fazer o mesmo “serviço” contra trabalhadores sem-terra e posseiros que lutavam por um pedaço de chão para viver e trabalhar e sumir com os corpos de uma infinidade de militantes e pessoas sem envolvimento nenhum com a luta por direitos.
A esquerda já se mobiliza para organizar tuitaços e panelaços contra essa medida e Bolsonaro, mais isso não vai resultar em absolutamente nada. Bolsonaro e a direita golpista se aproveita da pandemia, do recuo das organizações de esquerda e do desespero da população para atacar duramente a população do campo. É preciso organizar os trabalhadores da cidade e do campo para ir as ruas lutar contra Bolsonaro e a direita golpista.
