Em publicação em sua conta no Twitter no último dia 13, a presidenta do PT, Gleisi Hoffmann, afirmou que “o PSDB, artífice do golpe contra Dilma, q desestabilizou as instituições, agora diz q impeachment de Bolsonaro é potencializar crise dentro de outra. Eles ñ são do muro, são da direita mesmo, da pauta do Paulo Guedes. Justificarão Bolsonaro até o fim”.
A declaração da presidenta do Partido dos Trabalhadores é absolutamente correta e vai de encontro aos setores da direita do seu próprio partido e de uma parcela da esquerda pequeno-burguesa, como o PCdoB e o PSOL, que se somaram a FHC, Luciano Huck e outros direitistas e golpistas declarados assinando o Manifesto Estamos Juntos, um libelo em defesa da política de colaboração de classes preconizada pela Frente Ampla e do fica Bolsonaro até 2022.
O objetivo da Frente Ampla é o de conter e sequestrar as mobilizações populares que se intensificam em todo País desviando-as para a “democracia” das eleições. Trata-se de uma manobra, o próprio manifesto deixa isso claro, de constituir uma frente ao estilo do movimento Diretas Já, ocorrido em 1983/84, que sequestrou as grandiosas mobilizações populares pelo fim da ditadura, para o marco do Congresso Nacional e da votação da Emenda Constitucional Dante de Oliveira em favor da eleição para presidência da República.
Com a derrota evidente da emenda em um Congresso dominado pelos defensores da ditadura, a burguesia se rearticulou em torno dos partidos que foram o sustentáculo da própria ditadura e colocou na presidência da República, através do Colégio Eleitoral, o senador e líder da ARENA, o partido oficial ditadura, José Sarney.
A tentativa volta a se repetir agora. Assim como naquela época havia um profundo descrédito popular contra os políticos da ditadura, agora o mesmo se dá com os políticos que estiveram na linha de frente do golpe de 2016, os verdadeiros pais de Bolsonaro e é por isso que precisam ser resgatados pela esquerda, assim como foram em meados da década de 80.
A política da frente ampla visa usar a esquerda para resgatar esses políticos para que o regime continue sob controle dos mesmos golpistas, como declarou recentemente o governador do Maranhão, Flávio Dino, ao admitir que diante da política da frente ampla a esquerda pode ter que “abrir mão de sua hegemonia”.
A declaração de Gleisi, assim, dá um claro sinal de diferenciação entre a ala direita do PT e dos demais partidos da esquerda defensores da Frente Ampla e a ala esquerda, representada pelo lulismo e com amplo apoio da base do partido.
Sem sombra de dúvidas trata-se de um avanço na luta contra o golpe e pelo Fora Bolsonaro.