Nesta quinta-feira (31), o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes determinou que fosse cumprido o habeas corpus emitido pelo supremo, que determinava a soltura de Anthony (PRP-RJ) e Rosana (PL-RJ) Garotinho. No geral, ele alega que não há motivos plausíveis e bem constituídos para decretar uma prisão preventiva dos dois. Sendo assim, decreta que respondam em liberdade as acusações de superfaturamento em contratos entre a Prefeitura de Campos e a construtora Odebrecht.
Notadamente, os últimos acontecimentos que envolvem a Lava-jato têm revelado a crise na qual o regime golpista está afundado. Essa, que é uma operação fraudulenta, vem sendo utilizada como instrumento político de ação dos interesses escusos do imperialismo. Seu caráter político está colocado desde o início quando foi utilizada para prender Lula e perseguir a esquerda com o objetivo de aprofundar o golpe de Estado e manipular os interesses dos golpistas.
No entanto, ao longo do processo, a operação recaiu sobre alguns setores tradicionais do regime político, como Sérgio Cabral (RJ), Pezão (RJ), Michel Temer (SP), ambos do MDB. O casal Garotinho faz parte desta lista de golpistas que caíram na Lava-jato, vítimas da briga de interesses dos donos do golpe de Estado no Brasil – isto é, os bancos dos países imperialistas. Esse conflito entre o imperialismo, que precisa “limpar o terreno” para aplicar a mais dura política neoliberal no Brasil, e os setores do chamado “centrão”, sobretudo alocados no MDB, que passaram a reagir de maneira mais contundente à ofensiva do imperialismo após a prisão de Michel Temer, está fazendo com que a Operação Lava-jato entre em um empasse.
A soltura do casal Garotinho é o reflexo de uma crise estabelecida da Lava-jato, sendo que tal crise reflete um “bate cabeça” entre os golpistas, que acirram essa disputa entre si no interior da burguesia. Outro sintoma claro da crise é o afastamento dos antigos líderes da Lava-jato, como Deltan Dallagnol, representantes dos interesses da extrema-direita e do imperialismo.
Diante de toda essa disputa no regime golpista, é extremamente importante a classe trabalhadora perceber que somente o ex-presidente Lula não é libertado. Afinal, as idas e vindas da Lava-jato se dão a partir dos interesses e disputas da burguesia, e não de uma iniciativa democrática por parte das instituições.
Vítima da perseguição dos golpistas através da Lava-jato, Lula se mostra um representante direto da classe trabalhadora. Sua liberdade custaria caro para o golpistas, que não conseguiriam conter a revolta causada pelo aprofundamento do projeto neoliberal de massacre aos trabalhadores. O ponto está em entender que a liberdade do ex-presidente não interessa agora a nenhum setor da burguesia, pois a polarização coloca claramente a situação: Lula vem pelos interesses da classe trabalhadora esmagada pelo golpe de Estado e pelo avanço da direita. Liberdade para Lula urgente! Eleições gerais! Fora Bolsonaro!