Está cada dia mais claro que parte da direita, senão boa parte dela, já está exausta com os abusos cometidos pelo juiz Sérgio Moro, tanto no exercício de sua função, quanto fora dele.
Isso fica bem evidente com as críticas que vêm sendo desferidas pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), direitista de tradição, Gilmar Mendes, contra toda a operação Lava Jato e, em especial, contra Moro.
Depois do golpe e do ataque frenético da burguesia contra a esquerda, com a campanha anticorrupção e o linchamento diário da imprensa, ficou claro, inclusive para os burgueses, que a Lava Jato não serve apenas para impedir a esquerda de ocupar o poder, mas para implantar um verdadeiro regime fascista no país, abolindo os direitos mais básicos que outrora a própria direita defendeu, como o de não ser preso ilegalmente e o de sofrer um processo penal justo.
Dentre as críticas, o ministro já chamou a atenção para o fato de que, nas mãos de Moro, as prisões provisórias acabam se tornando prisões definitivas sem condenação, e são constantemente usadas como tortura para obter alguma delação premiada; afirmou também que existe um Código Penal próprio de Curitiba, diferente daquele vigente no resto do país; e já questionou os superpoderes de Sérgio Moro, indagando se ele falava com Deus.
Ciente de que o juiz já passou por cima até do STF, como quando divulgou áudios envolvendo a presidenta Dilma Rousseff e quando se recusou a remeter o processo do Sítio de Atibaia, de Lula, para São Paulo, como determinado pela Corte[1], Mendes aproveitou para mais uma vez criticar a 13ª Vara de Curitiba, informando que ela não serve de parâmetro de celeridade processual para nenhuma outra vara.
Diferentemente da Justiça Criminal como um todo, no juízo de Moro os processos até poderiam andar de forma mais rápida do que o normal, mas porque tratam exclusivamente de fatos relacionados ao “esquema de corrupção” mais conhecido por “petrolão”, e não em função de algum mérito pessoal de seu titular.
Desta forma, o ministro deixa escapar a crise interna da burguesia com relação à operação Lava Jato e a aversão que parte da elite passou a ter aos excessos de autoritarismo do Mussolini de Maringá.
[1] https://www.causaoperaria.org.br/stmoro-toffoli-decide-que-moro-esta-acima-do-stf/