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Doria presidente 2022?

Genro implora para que “Bolsodoria” aja contra Bolsonaro

Tarso Genro deixa claro que a política da frente ampla é anular completamente a esquerda, colocando-se a reboque da direita

O ex-ministro e ex-governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, publicou um artigo no sítio Brasil 247 chamado “Carta a João Doria”. Mais correto seria dizer que efetivamente trata-se de uma carta aberta ao governador tucano de São Paulo.

O petista afirma estar escrevendo motivado por acontecimentos políticos: o primeiro a manifestação de Doria de que a “união na luta contra a Pandemia precede todas as demais questões políticas na conjuntura”; o segundo “o ódio exalado pelos dementes da base fascista do Presidente”, que tem sido direcionado a Doria, segundo Genro; e terceiro a gravação de um vídeo por Bolsonaro onde, segundo Genro, ele comete delitos de “difamação, ameaça e chamamento à organização de Milícias.

Os motivos para o ex-ministro petista se dirigir a Doria parecem muito nobres. Doria tem se apresentado e sido apresentado como um adversário político de Bolsonaro, em particular no que diz respeito à política durante à pandemia.

A conclusão da carta é um pedido de Genro para que Doria leve adiante o impedimento de Bolsonaro e reúna sua “turma” para “responder as ofensas”, “por São Paulo e pelo Brasil”.

Tal seria o resumo da ópera. Tarso Genro se dirige a João Doria, acreditando ser ele a saída possível para enfrentar Bolsonaro. Vindo de alguém da esquerda, tal pedido parece produto de alguma alucinação, mas tal não é a explicação, o problema é essencialmente político, vejamos alguns pontos centrais levantados por Tarso Genro.

A luta contra a pandemia precede as questões políticas

Tarso Genro atribui uma coincidência nessa colocação de Doria ao mesmo posicionamento tomado por Lula. Em primeiro lugar, é preciso chamar a atenção para o infantilismo da comparação. Duas pessoas diferentes podem ter o mesmo discurso, mas isso não significa que tenham a mesma política. Não precisamos explicar muita coisa para provar que Lula e Doria se encontram em posições antagônicas.

Mas deixemos Lula de lado, o que significa de fato a declaração de Doria? Nada mais do que a tradicional demagogia de um político burguês tradicional. “A pandemia está acima da política”, enquanto isso, o governo de São Paulo leva adiante a política que resultou até agora na morte de mais de 46 mil pessoas. Talvez Tarso Genro acredite que Doria seja um grande combatente da pandemia, parece muita ingenuidade para um político experiente.

A demagogia da burguesia de que a pandemia está acima da política serve para esconder a política genocida, que já resultou em quase 200 mil mortes oficiais no País. Não existe pandemia acima da política, porque antes de qualquer coisa vem justamente saber qual a política a ser levada diante de determinada situação.

A oposição Doria Bolsonaro

Sobre os dois acontecimentos citados por Genro, o “ódio exalado contra Doria” e o “vídeo feito por Bolsonaro” é preciso dizer apenas uma palavra: o ex-ministro acredita que há fundamentalmente uma oposição entre Doria e Bolsonaro, que não seja apenas uma disputa meramente em torno de quem será o escolhido da burguesia para as eleições.

As contradições entre os dois não podem ser analisadas, como faz Genro, como uma contradição fundamental. Talvez a prova mais definitiva sobre isso seja imaginar uma situação hipotética: imaginemos que um candidato do PT – de repente o próprio Lula – acabe indo para o segundo turno contra Bolsonaro, alguma dúvida sobre quem seria apoiado por Doria?

Para quem não tem boa imaginação, cenário muito parecido aconteceu em 2018, quando toda a burguesia se unificou para apoiar Bolsonaro contra Haddad. Não que Bolsonaro na época fosse diferente de hoje, suas asneiras fascistas nunca foram segredo, o que não impediu que a turma de Doria o apoiasse.

Explicamos tudo isso apenas para não precisar chover no molhado e lembrar do “BolsoDoria”, a composição política forçada pelo próprio tucano para conquistar “os dementes da base fascista” de Bolsonaro. Inclusive no quesito asneiras políticas, como diz Tarso Genro sobre Bolsonaro, João Doria nunca deixou a desejar.

Deveria estar claro que o fascismo não é apenas Bolsonaro, mas toda a corja de golpistas que derrubou Dilma e elegeu o atual presidente por meio de um golpe impulsionado por uma política fascista. Parece que o óbvio não está claro para Tarso Genro, que pede que João Doria e os golpistas ajam contra o bolsonarismo

“Nesta situação complexa que vive o país precisamos de um grande gesto que, se não partir do bloco que derrubou a Presidente da Dilma – da parte que está em estranhamento com o fascismo emergente – poderá chegar tarde demais, quando a oposição reunir forças para sermos sujeitos iniciantes deste processo.”

Estamos diante de uma política organizada e sistematizada de capitulação política. Tarso Genro não vê forças na esquerda e implora para que o bloco golpista dê um jeito em Bolsonaro.

A carta de Genro expõe de maneira clara o que significa a política dos setores da esquerda que defendem a frente ampla e mais, deixa às claras que essa política prevê que a esquerda deve estar a reboque da direita golpista. É exatamente o que denunciamos desde o início mas que os setores  da esquerda dissimulam atrás de que é necessário uma união contra o bolsonarismo.

O que propõe Genro para Doria é que a esquerda, que para ele não tem forças, deve esperar a iniciativa da direita golpista, ou seja, se anular política e aderir a política dos inimigos do povo. 

Sejamos mais claro, na prática, Genro se lança como um apoiador de Doria presidente 2022. Essa deve ser a conclusão natural de sua carta ao governador de São Paulo. Da parte de Doria, sua candidatura já está lançada, na medida em que Genro se ajoelha e implora que o governo aja contra Bolsonaro, ele se coloca à disposição para apoiar sua candidatura.

E, devemos dizer, Tarso Genro faz isso ao melhor estilo “BolsoDoria”, clamando “um ‘impeachment’ em defesa da nação”,  uma ação “por São Paulo e pelo Brasil”. Temos a impressão que Tarso Genro está disposto a vestir uma camisa amarela, empunhar a bandeira nacional e gritar: “Brasil acima de tudo”. Mas dessa vez, para eleger não o “Satã” Bolsonaro, mas o diabão “BolsoDoria”.

Eis o sentido da frente ampla: substituir Bolsonaro por outro Bolsonaro, que talvez diga um pouco menos de asneiras, mas que leve contra o povo uma política ainda mais organizada de ataques. Tudo isso, com apoio da esquerda.

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