O mundo capitalista, em crise econômica, política e sanitária, deixa claro que não sabe salvar e nem tem tanto interesse pela vida da maior parte da humanidade. Apesar dos claros interesses econômicos acima da vida praticados pelas grandes empresas farmacêuticas, a vacina está sendo produzida, ainda que com um certo ar de incerteza devido ao tempo de pesquisa e produção menores que de costume, mas a logística de sua compra e distribuição, a universalidade do seu acesso e a celeridade na aplicação estão aquém das expectativas em vários países ricos.
O caso mais recente de apartheid e violação dos direitos humanos parte de Israel – que neste mês já desalojou pela 182ª vez uma aldeia palestina -, que agora exclui da vacinação milhões de palestinos nos seus próprios territórios ocupados pelos israelenses. Os palestinos de Gaza e Cisjordânia são motivos de preocupação para grupos de direitos humanos, pois esses palestinos estão excluídos dos planos de vacinação israelense. Mais de 1.500 pessoas dessa região já morreram durante a pandemia.
Israel hoje, segundo dados oficiais, seria o país que mais vacinou a população no mundo contra a Covid-19, 14% da população, apesar dessa porcentagem ainda estar muito baixa. O ministro da saúde de Israel diz ainda que o repressivo lockdown será necessário para conter as infecções.
Ao lado desse feito pequeno que só expõe a decadência e incompetência dos países imperialistas, Israel não tem nenhum pudor em praticar mais um ato contra os direitos humanos ao não vacinar os palestinos dos assentamentos, apenas os colonos judeus.
Segundo os médicos do Human Rights, “Israel carrega responsabilidade humanitária e moral pela vacinação da população palestina sob seu controle”.
Os israelenses, para se defenderem das acusações, têm a insensatez de citar os Acordos de Paz de Oslo para justificar sua violência. Segundo o regime fantoche do imperialismo, os acordos de Oslo designam a assistência médica aos palestinos de Gaza e Cisjordânia às próprias autoridades palestinas. Mas os oficiais palestinos também enfrentam obstáculos para coordenar a própria campanha de vacinação, o que mostra que os israelenses querem é o genocídio desse sofrido povo, com a omissão da ONU e de vários países.
A vacina que os israelenses estão usando é a Pfizer-BioNTech, que precisa de 70 graus celsius para ser armazenada, condição essa muito difícil de se cumprir na região de Gaza, que passa por diversas dificuldades, inclusive falta de energia por mais de 12 horas.
A violação aos direitos humanos
Em entrevista à Carta Maior, o médico Mustafa Barghouti, que é membro do Parlamento Palestino e vem gerindo a pandemia na Cisjordânia e em Gaza, denuncia em números o que os israelenses vêm praticando. Segundo o médico, Israel, enquanto potência, com 14 milhões de doses, está violando a lei internacional ao negar responsabilidade para vacinar os palestinos. Barghouti informa ainda que, na Cisjordânia, Israel começou a vacinar 70.050 colonos, que são ilegais, mas os mais de 3 milhões de palestinos não estão nos planos, assim como não estão os prisioneiros palestinos nas prisões israelenses. Para o médico isso é um sistema de discriminação racial. Israel recusou ainda pedido de vacinação para os profissionais que dão assistência médica aos palestinos, como ao próprio Barghouti, que está com Covid. Os palestinos também não tiveram ainda nenhuma autorização para o uso de outra vacina. Os israelenses controlam toda a fronteira, tudo o que se exporta e importa, o que dificulta a autonomia do povo palestino.
O maior desastre está em Gaza. Sem instituições de saúde, dos mais de 2 milhões de palestinos, 70% deles refugiados desde 1948, 36% estão infectados, enquanto em Israel a taxa é de 4,5%.
Barghouti acusa ainda o primeiro-ministro Netanyahu de racista e diz que ele só pensa no seu futuro político e na sua base de direita. Com essa política de exclusão ele não alcançará a imunidade de rebanho, pois a quantidade de palestinos sem vacinar é muito grande, cerca de 5,2 milhões, sendo que 130 mil trabalham em Israel.
Segundo Barghouti, “esse é um crime contra os palestinos e um crime contra a saúde dos israelenses. É uma violação da lei internacional, mas também é, na minha opinião, o pior crime contra a ética médica, que diz que ninguém deveria ser discriminado por causa de nada, e que diz, ´não faça mal e ajude as pessoas o máximo que puder enquanto profissional da saúde´”.
Os absurdos e genocídio não param. Nem a OMS (Organização Mundial de Saúde) está conseguindo ultrapassar as barreira burocráticas impostas pelos israelenses contra a utilização de outras vacinas para os palestinos.
Com o apoio e omissão de todas as potências imperialistas e a da OMS, é preciso denunciar internacionalmente a política de apartheid médico e racial praticada pelos israelenses contra o povo palestino, que, além de estar sendo desalojado e atacado diariamente, agora sofre em Gaza e na Cisjordânia essa política fascista de extermínio.