“A questão não é saber se o Brasil será um dia o principal foco de contaminações no mundo: já é esse o caso”, explicou à Agência France-Presse (AFP), Domingos Alves, do Laboratório de Informações sobre a Saúde da USP (Universidade de São Paulo).
Reportagem da AFP, distribuída pela imprensa internacional, indica que “o Brasil parece condenado a se tornar o próximo epicentro da crise planetária do coronavírus”.
O início e o epicentro do coronavírus foi a China, em dezembro de 2019. Em 27 de fevereiro, a Itália passou a ser o epicentro da pandemia com mais de 400 infectados e 12 mortes. Um mês depois, em 27 de março, com mais de 100 mil infectados e 1567 mortos, os Estados Unidos tornam-se o novo epicentro da pandemia do novo coronavírus. A Itália registava então, 9.134 mortes e a China, 3.292; no Brasil eram 3.477 os infectados e 93 os mortos. Nesse sábado (dia 2), Brasil na iminência de tornar-se o epicentro do coronavírus, contabilizava 97.100 infectados e 6.750 mortos, de acordo com os subnotificados números oficiais.
Em números de óbitos diários em média, o Brasil já é o 3º, com 428 vítimas fatais, ficando atrás apenas dos Estados Unidos, com 1.807 vítimas fatais e Reino Unido, com 678 mortes diárias. O Brasil já supera as mortes diárias da Itália, 343; Espanha, 276; e França, 166.
A imprensa capitalista internacional repercute pelo mundo que o Brasil registra “uma velocidade galopante” na propagação de novos casos no país.
Como em todos os países, o Brasil também não está preparado para o enfrentamento do coronavírus. Resta a única válvula de escape, o isolamento social (parcial), pouco seguido por aqui, e reiteradamente sabotado pelo próprio presidente da República.
Segundo Domingos Alves, do Laboratório de Informações sobre a Saúde da USP (Universidade de São Paulo), “o número de infectados no Brasil é 16 vezes maior ao número oficial e, portanto, deve estar perto 1,3 milhões de pessoas”. Impossível isso ser confirmado, justamente porque no Brasil não há testagem massiva para o Covid-19.
Outro número não confiável, segundo o jornal francês Le Monde, é o número de mortos no Brasil divulgado pelo Ministério da Saúde. O número das vítimas segundo dados oficiais não bate com a explosão de enterros em diversas cidades, como Fortaleza, São Paulo, Manaus, que estão sendo levadas a abrir milhares de novas covas nos cemitérios, e também abrindo valas comuns para enterros coletivos de vítimas do coronavírus.
Os especialistas do Observatório Covid-19 BR informaram ao jornal francês que, em meados de abril, “o Brasil tinha contabilizado oficialmente 3.364 mortes diretamente ligadas à Covid-19 em 2020, mas também 5.283 mortes por doenças respiratórias “não-especificadas” ou “em curso de investigação”. O número oficial de mortes deve situar-se – pelo menos – no dobro, mas também podem ser três vezes maior do que o número oficialmente divulgado.
O Le Monde relata a óbvia sabotagem feita pelo presidente: “Não dá para contar com o presidente Jair Bolsonaro, que continua a negar a gravidade da pandemia”.
É o resultado da política premeditada da direita e de toda a burguesia de não adotar medidas efetivas de combate ao coronavírus. Estão impulsionando e organizando o genocídio.