Envolvendo 80 clubes de todos os cantos do Brasil, a Copa do Brasil 2021 está prestes a estrear uma sequência enorme de viagens das delegações dos clubes ao redor do país. Ao mesmo tempo, os campeonatos estaduais seguem. O assunto ganhou destaque na imprensa graças ao protesto do treinador do América/MG, Lisca, que criticou a tabela da competição nacional.
Se no alto escalão do futebol nacional, não faltam casos de infectados e até de treinadores que tiveram que ser internados, nas divisões que dispõem de menos recursos financeiros têm ocorrido mortes, como denunciado pelo próprio Lisca.
Na última quinta-feira, os campeonatos estaduais de Paraná e Santa Catarina foram paralisados. No Ceará, os jogos na capital Fortaleza foram suspensos por duas semanas. São reflexos da contradição entre a pressão econômica dos capitalistas e os interesses da sociedade.
A junção entre competições nacionais e estaduais é um prato cheio para a propagação do vírus e suas variantes. Vale lembrar que a variante surgida em Manaus apareceu alguns meses após a reabertura das escolas, que proporcionou um amplo público para a replicação do vírus. Quanto maior for a circulação do vírus mais variantes eficientes conseguirão se estabelecder e se espalhar.
Governos da direita tradicional, que procuram aplicar atualmente a confusa fórmula de lockdown com reabertura das escolas, estão entre os defensores da manutenção dos jogos de futebol. Segundo eles, os jogos de futebol seriam um alento à população, que estaria sem opções de lazer. Pura hipocrisia, é claro. A imposição do retorno do futebol visa atender os interesses das empresas de materiais esportivos, patrocinadores, emissoras de televisão e sites de apostas, entre outros.
Enquanto as arquibancadas seguem emanando um silêncio de cemitério, impossível de ser ignorado, os torcedores se aglomeram fora dos estádios. O futebol é um esporte que mobiliza as massas. A manutenção dos campeonatos passa uma mensagem confusa à população, que no final acaba sendo convenientemente apontada como a grande vilã da pandemia.
É preciso denunciar o absurdo que é a manutenção dos campeonatos nesse momento terrível. As vidas dos profissionais do esporte mais popular do mundo estão em perigo. E não só as vidas deles, mas também a de todos os envolvidos direta e indiretamente na organização e realização dos campeonatos, além de seus familiares. Que os capitalistas paguem pela crise, não que sigam lucrando em cima de pilhas de corpos.