A Confederação Sul-Americana de Futebol confirmou que a final da Copa Liberadores no dia 30 de janeiro entre uma equipe de Buenos Aires, River Plate ou Boca Juniors, e uma equipe paulista, Palmeiras ou Santos, será realizada com os portões fechados no Estádio Maracanã na cidade Maravilhosa do Rio de Janeiro. Em uma estética de vídeo game possivelmente com aqueles áudios gravados de torcida para simular o clima de estádio cheio.
Não será a primeira vez que a final da Libertadores será disputada neste simulacro de final da Liga dos Campeões da Europa. Mesmo que as condições entre os dois continentes e os clubes participantes das duas confederações sejam tão diferentes entre si. Já foi assim em 23 de novembro de 2019 quando River Plate e Flamengo se enfrentaram em Lima, Peru. Lembrando que esta partida era para ter acontecido em Santiago no Chile, todavia foi transferido por causa das grandes manifestações contra o governo neoliberal de Sebastian Pinerã.
Entretanto a Conmebol como instrumento do Imperialismo continua na sua tarefa de colonizar o futebol sul-americano, repetindo a decisão de jogo único em um lugar qualquer do continente sul-americano, macaqueando o modelo de final da Copa Europeia. É claro que o Maracanã é o estádio mais importante do continente e sempre merece ser palco de grandes partidas. Ainda assim quando se decide por um jogo único em um continente tão grande e sem uma efetiva integração dos transportes, acaba por afastar uma enorme parcela da torcida dos times envolvidos, além de submeter à outra parcela a enormes sacrifícios para conseguir estar no estádio como se soube através das várias estórias dos torcedores flamenguistas no ano retrasado, muitas realmente pitorescas e surpreendentes.
Contudo, desta vez é pior e mais absurdo ainda, pois não está autorizada a presença de publico o que na realidade tira todo o sentido da realização de um jogo tão significativo. Ou seja, mais um jogo com uma cara de treino para atender os compromissos dos direitos televisivos e dos patrocinadores da competição, somente.
O fato que os torcedores não podem estar presentes neste momento tão importante pouco importa. É verdade que a burguesia tem muito receio de torcedores, existe sempre a possibilidade dela se manifestar de um modo que possa ser inconveniente para os capitalistas e governantes. Aos capitalistas a torcida só interessa como consumidores que possam pagar os altos valores dos ingressos, batendo palmas em seus assentos como a aprovação de uma bela jogada.
Em 2019 para o jogo final os preços dos ingressos variavam de US$ 80 a US$ 250 dólares, atualmente seria entre aproximadamente R$ 420 e R$ 1300 para um total aproximado de 59 mil pessoas. Mas estes valores não se comparam com os valores relativos à comercialização da transmissão das competições. Só que a Conmebol recebeu do grupo IMG-Perfom, vencedor da licitação em 2018, a módica quantia de US$ 1,4 bilhão de dólares por quatro anos de direitos de comercialização das suas duas competições, a Copa Libertadores e a Copa Sul-americana.
Não querem esperar nenhum dia para que, com o fim da pandemia, possa ter público novamente nos jogos com o risco dos patrocinadores romperem os contratos e já que os jogos estão acontecendo com a conivência dos governos nacionais e locais, o show tem de continuar mesmo com a pandemia imperando em quase todos estados sul americanos. Com o agravante que o inicio da Copa Libertadores 2021 está marcado para 17 de fevereiro do corrente ano. Assim os torcedores são só lembrados em propaganda para a promoção dos jogos transmitidos pelos canais de televisão ou para a compra de material esportivo, neste momento o amor do torcedor deve ser incondicional.