Desde o governo Fernando Henrique Cardoso não se via a grande imprensa tão escancaradamente mancomunada com um governo, principalmente no que diz respeito a encobrir a evolução da situação econômica do País.
Não é para menos. A imprensa venal foi fiel patrocinadora do golpe de 2016 e de toda a operação que se seguiu para impedir a candidatura de Lula nas eleições de 2018 e garantir a vitória de um candidato do golpe.
Uma das censuras estabelecidas pela grande imprensa visa justamente encobrir a fuga crescente de capitais do Brasil. O neoliberalismo, objetivo fundamental do golpe de 2016, promoveu em 2019 a maior fuga de capitais do País desde que esse índice passou a ser medido em 1982, portanto 37 anos atrás.
Quando se considera o período da primeira onda neoliberal no País, ocorrido entre 1995 e 2002, durante os dois mandatos de Fernando Henrique Cardoso, até o momento, o presidente que promoveu a maior destruição da economia nacional em benefício do imperialismo, principalmente o norte-americano, e que literalmente levou o País à bancarrota, os dados atuais que só aparecem nos rodapés das publicações da grande imprensa, são ainda muito mais assustadores.
O deficit cambial acumulado em 2019 – a saída de dólares descontadas as entradas – atingiu a cifra de 43,253 bilhões de dólares. Esse valor representa um crescimento da ordem de quase 270% quando comparado ao ano de 1999, em que o deficit cambial ficou em 16,182 bilhões de dólares.
Trocando em miúdos, não fosse as condições em que Bolsonaro encontrou o País – reservas de quase 390 bilhões de dólares acumuladas nos governos petistas – o Brasil estaria quebrado assim como ocorreu em 1999 e teria que se sujeitar as regras do Fundo Monetário Internacional (FMI), que impôs um pacote econômico que agravou em muito as já péssimas condições de vida da esmagadora maioria da população brasileira.
No final das contas, o governo fascista de Bolsonaro foi salvo “pelo gongo” ou melhor pela política econômica do PT, que ao invés de utilizar os quase 400 bilhões economizados por seus governos para promover profundas mudanças estruturais que beneficiassem a maioria esmagadora da população, fizeram um caixa que está sendo utilizado pelo golpe justamente para promover a destruição da economia do País.
Em todo caso, o colchão das reservas brasileiras não irá impedir o aprofundamento da crise brasileira que não é um fenômeno particular do País, mas que está absolutamente vinculada a crise econômica mundial.