Após perder mais de R$44,5 bilhões no ano de 2019 – a maior fuga de capitais até então registrada – o País mais do que dobrou a perda de dólares na bolsa de valores de São Paulo (B3) no acumulado do mês de setembro. Até o 3º trimestre do ano, R$89,2 bilhões abandonaram o mercado financeiro, revelando de maneira muito concreta a desconfiança dos grandes capitalistas em relação ao regime que governa o Brasil de maneira ilegítima.
Na imprensa capitalista, três argumentações aparecem em destaque para explicar a a evasão de divisas em escala inédita no País: a crise política, o desequilíbrio fiscal e a finalmente a política ambiental promovida pelo golpista Bolsonaro. Claro que quem acredita nesta última acredita em tudo.
Eleito em meio a um arranjo político elaborado às pressas, Bolsonaro tem demonstrado dificuldade em implementar o receituário neoliberal com o rigor desejado pelo setor mais poderoso da burguesia, ligado ao imperialismo. Este impasse reflete-se no reconhecimento por parte dos especuladores de que a situação política brasileira é cercada por dúvidas que tornam a atividade especulativa um risco. E isso se traduz concretamente no crescimento da dívida pública, o que aparece nas justificativas dadas por analistas do mercado financeiro sob o eufemismo de “risco fiscal”.
Com as contas públicas tão deterioradas, a devastação ambiental promovida pelo governo é a menor das preocupações da burguesia. Pelo contrário, se a fortuna deixada pelos governos do PT a título de reservas internacionais ainda não sofreu abalos significativos, é justamente pelas exportações de commodities do setor latifundiário da burguesia, que atingiram US$77,9 bilhões no acumulado do ano até o mês de setembro segundo a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).
Contudo, chama atenção o fato de que mesmo diante da relativa estabilidade das reservas internacionais -mantidas na casa dos US$357 bilhões – e com todos os ataques cometidos pelo bolsonarismo contra a classe trabalhadora brasileira, a desconfiança dos grandes capitalistas com o governo seja tão profunda. Isto pode ser entendido como o anúncio de que os feitos de Bolsonaro ainda são poucos perto dos interesses da burguesia, especialmente dos setores mais ligados ao imperialismo.
O regime de ataques contra os direitos da população, sobretudo das massas trabalhadoras quer esmagar ainda mais o povo brasileiro, o que reforça a necessidade dos trabalhadores e da juventude se mobilizar pelo fora Bolsonaro, cuja política vem produzindo um genocídio no País e uma devastação econômica, equiparável apenas à de FHC e deve ser ampliada caso não enfrente um forte movimento de massas.