Atualmente no Brasil, o setor industrial com maior índice de acidentes são os frigoríficos, reconhecido inclusive pelo Ministério Publico do Trabalho (MPT), conforme dados do Instituto Nacional de Seguro Social (INSS) dá conta de que, esse setor é responsável, em média por 54 ocorrências ao dia. Em 2017, foram 20.595 acidentes nos frigoríficos – 7,9% a mais do que em 2016. (CUT – 22-05-2019)
“O manuseio de equipamentos pesados e cortantes, o ritmo acelerado de trabalho, a exposição à umidade e a baixas temperaturas e os choques térmicos são fatores que podem aumentar as chances de acidentes e adoecimento, especialmente se não forem adotadas medidas de segurança”, diz o procurador do Trabalho, Sandro Eduardo Sardá, que também é gerente Nacional do Projeto de Frigoríficos do MPT-SC.
A situação é de tamanha apreensão que, em 2013 foi criada uma norma específica para o ramo frigorífico, a Norma regulamentadora 36 (NR 36). No entanto, esta norma ficou como letra morta, os donos dos frigoríficos simplesmente a ignoraram.
A Central Única dos Trabalhadores (CUT) alertou quanto ao número de acidentes que ocorrem por conta das condições dos maquinários e equipamentos, de falta de manutenção, sistema de proteção, etc., cuja NR 12 é que regula e equipamentos, justamente o setor responsável pelo maior número de acidentes de trabalho no país.
Para se ter a dimensão do problema, 15,19% do total dos acidentes é com envolvimento direto de máquinas e equipamentos. De um total de acidentados, onde morreram 2.058 e foram submetidos a amputações ou enucleações, que é a extirpação de um órgão após incisão 25.790. (CUT – 22-05-2019)
Segundo o MPT, o total de mortes causadas por esse grupo é três vezes maior e o de amputações chega a ser 15 vezes mais do que a média das demais causas de acidentes do trabalho.
Se nestas condições, com as NRs em vigor, a situação já é catastrófica, não é necessário fazer nenhum exercício de adivinhação para dimensionar a hecatombe que gerará aos trabalhadores dentro das fábricas e os patrões se eximindo de toda e qualquer culpa pela situação ocorrida. Ou seja, o chicote do período colonial funcionando ininterruptamente, tudo pelo lucro do patrão.