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Unidade na luta

Trótski: Sobre a Frente Única parte 1

O dirigente bolchevique, líder do Exército Vermelho, explicou precisamente a tendência à unidade dos trabalhadores na luta pelos seus interesses mais imediatos

A discussão sobre qual caminho os trabalhadores devem seguir na luta política contra os golpistas é essencial de se fazer. Desta forma, reproduzimos o texto do dirigente bolchevique Leon Trótski sobre a Frente Única, uma política contra a “frente popular”, hoje conhecida como “frente ampla”:

“I — Considerações gerais sobre a Frente Única

1. — O objetivo do Partido Comunista é dirigir a revolução proletária. Com o fim de levar o proletariado rumo à conquista direta do poder e de obter essa conquista, o Partido Comunista deve se apoiar na imensa maioria da classe operária.

Enquanto não tenha essa maioria, deve lutar para obtê-la.

Não pode esperar obtê-la se não constitui uma organização independente, com um programa claro e uma severa disciplina interna. Por isso teve que se separar, além de pela via de ter sua própria organização, também ideologicamente, dos reformistas e dos centristas que não aspiram à revolução proletária, nem sabem e nem querem preparar as massas para esta revolução e se opõem a esse trabalho através de toda sua forma de atuar. Aqueles militantes do Partido Comunista que deploram essa separação em nome da unidade das forças e da unidade da frente operária mostram com isso que não compreendem nem o ABC do comunismo e que somente por circunstâncias fortuitas pertencem ao Partido Comunista.

2. — O Partido Comunista, tendo assegurado para si uma independência completa graças à unidade ideológica de seus militantes, luta para ampliar sua influência sobre a maioria da classe operária. Esta luta pode ser mais ou menos lenta ou rápida de acordo com as circunstâncias e a coerência maior ou menor da tática com seu objetivo.

Mas é evidente que a luta de classe do proletariado não cessa com esse período de preparação da revolução.

Os conflitos entre a classe operária e os patrões, a burguesia ou o Estado surgem e se desenvolvem sem cessar em consequência da iniciativa de uma ou outra parte.

Nesses conflitos, independente de afetarem os interesses vitais de toda a classe operária ou os de sua maioria ou a apenas uma parte dessa classe, as massas trabalhadoras sentem a necessidade de unidade nas ações, da unidade tanto na defensiva contra o ataque do capital, como na ofensiva contra este. O partido que se opõe mecanicamente a essas aspirações da classe operária à unidade de ação será condenado, irremediavelmente, pela consciência operária.

Assim, portanto, a questão da frente única, tanto por sua origem como por sua essência, não é em absoluto uma questão sobre as relações entre as frações parlamentares comunista e socialista, entre os comitês centrais de um partido e outro, entre a Humanité e o Populaire [jornais do PCF e do PS, respectivamente]. O problema da frente única – apesar da divisão inevitável nessa época entre as diversas organizações políticas que se fundamentam na classe operária – surge da necessidade urgente de assegurar à classe operária a possibilidade de uma frente única na luta contra o capital.

Para aqueles que não compreendem isso, o partido é somente uma associação de propaganda, e não uma organização de ação de massas.

3. — No caso em que o Partido Comunista represente apenas a uma minoria numericamente insignificante, a questão de sua atitude em relação à frente da luta de classes não tem uma importância decisiva. Sob essas condições, as ações de massas serão dirigidas pelas organizações antigas, que, em razão de suas tradições ainda fortes, seguem exercendo um papel decisivo. Por outro lado, o problema da frente única não se coloca nos países em que, como na Bulgária, o Partido Comunista aparece como a única organização que dirige a luta das massas trabalhadoras. Mas onde o Partido Comunista constitui uma grande força política sem haver alcançado ainda um valor decisivo, onde compreende um terço ou um quarto da vanguarda proletária, a questão da frente única se coloca com toda sua agudeza.

Se o partido abarca um terço ou a metade da vanguarda do proletariado, se deduz que a outra metade ou os outros dois terços fazem parte das organizações reformistas ou centristas. Mas é evidente que os operários que ainda apoiam os reformistas ou centristas estão, também, tão interessados quanto os comunistas na defesa de melhores condições de existência material e em melhores possibilidades de luta. É, então, necessário aplicar nossa tática de tal forma que o Partido Comunista, que é a encarnação do futuro de toda a classe operária, não apareça hoje em dia (e mais ainda que não o seja de fato) como um obstáculo à luta cotidiana do proletariado.

O Partido Comunista deve fazer ainda mais: deve tomar a iniciativa para assegurar a unidade dessa luta cotidiana. Apenas assim se aproximará desses dois terços que não marcham ainda com ele e que ainda não confiam nele porque não o compreendem. Somente dessa forma os conquistará.

4. — Se o Partido Comunista não houvesse rompido radical e decisivamente com os socialdemocratas, nunca teria se convertido no partido da revolução proletária. Não poderia nem sequer dar o primeiro passo sério rumo à revolução. Haveria sido para sempre uma válvula de segurança parlamentar do Estado burguês.

Não compreender isso é ignorar a primeira letra do alfabeto do comunismo.

Se o Partido Comunista não buscasse as formas de organização que possibilitem a cada momento determinado as ações comuns acordadas entre as massas operárias comunistas e não comunistas (socialdemocratas inclusive) estaria provando, por si mesmo, sua incapacidade para conquistar a maioria da classe operária por meio de ações de massas. Degeneraria em uma sociedade de propaganda comunista e nunca se desenvolveria como partido para a conquista do poder.

Não é suficiente possuir um machado, é necessário afiá-lo. Não é suficiente afiá-lo, é preciso saber usá-lo.

Não é suficiente separar os comunistas dos reformistas e ligá-los por meio da disciplina da organização, a organização deve aprender a dirigir todas as ações coletivas do proletariado sob todas as circunstâncias de sua luta vital.

Essa é a segunda letra do alfabeto comunista.

5. — A unidade da frente inclui apenas as massas operárias ou também inclui os chefes oportunistas?

Essa pergunta é fruto de um mal entendido.

Se houvéssemos podido reunir as massas operárias ao redor de nossa bandeira, ou de nossas consignas normais, encolhendo as organizações reformistas, partidos ou sindicatos, seria, certamente, a melhor coisa. Mas nesse caso a questão da frente não se colocaria sob sua forma atual.

A questão da frente única se coloca porque frações muito importantes da classe operária pertencem às organizações reformistas ou as apoiam. Sua experiência atual não é ainda suficiente para fazê-las abandoná-las e se organizar conosco.

É possível que após ações de massas que estejam na ordem do dia se produza uma grande mudança. É justamente o que queremos. Mas ainda não chegamos nesse ponto. Os trabalhadores organizados ainda se encontram divididos em três grupos. Um desses grupos, o comunista, tende à revolução social e, precisamente por esse motivo, apoia todo movimento (inclusive parcial) dos trabalhadores contra os exploradores e contra o Estado da burguesia.

Outro grupo, o grupo reformista, tende à paz com a burguesia. Mas, para não perder sua influência sobre os operários, se vê forçado, contra a firme vontade de seus chefes, a apoiar os movimentos parciais dos explorados contra os exploradores.

Por fim, o terceiro grupo, centrista, oscila entre os dois outros, não possuindo valor próprio. Desse modo, as circunstâncias tornam possíveis, em toda uma série de questões vitais, as ações comuns dos operários unidos nesses três tipos de organizações, como também das massas não organizadas que os apoiam.

Não apenas os comunistas não devem se opor a essas ações comuns, mas, ao contrário, devem tomar a iniciativa, justamente porque quanto maiores são as massas atraídas ao movimento, mais alta se torna a consciência de sua força, mais segura se torna de si mesma, e mais se tornam capazes de marchar adiante, por mais modestas que tenham sido as consignas iniciais da luta. Isso quer dizer também que a ampliação do movimento das massas aumenta seu caráter revolucionário e cria condições mais favoráveis para as consignas, para os métodos de luta e, em geral, para a direção do Partido Comunista.

Os reformistas temem o impulso revolucionário em potencial do movimento de massas; a tribuna parlamentar, as sedes sindicais, os tribunais, as antecâmaras dos ministérios são seus lugares favoritos.

Nós, pelo contrário, estamos interessados, acima de qualquer outra consideração, em obrigar os reformistas a sair de seus esconderijos e colocá-los a nosso lado, na frente das massas em luta. Com uma boa tática isso só pode ocorrer em nosso benefício.

O comunista médio que duvida ou que tem medo se parece com um nadador que tenha aprovado a tese sobre o melhor método de natação mas que não se arrisca a mergulhar na água.”

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