Essa semana a deputada Talíria Petrone (PSOL-RJ) teve que ser escoltada pela polícia da Câmara dos Deputados, após sofrer diversas ameaças de morte da extrema-direita bolsonarista enquanto está em casa de licença maternidade.
Esse novo fato político se encaixa perfeitamente no quadro atual de um aumento exponencial da ofensiva fascista no País, incluindo ataques à imprensa operária e independente. Como no caso do ataque a este diário (DCO), ao jornal A Nova Democracia e ao Ponte Jornalismo, todos atacados em um único mês por grupos fascistas. E também, no mesmo clima reacionário dessa ofensiva do fascismo, o ataque ao direito da mulher ao aborto, no caso da criança estuprada em Pernambuco, onde grupos ligados ao presidente de extrema-direita Jair Bolsonaro invadiram um hospital para impedir o aborto da criança estuprada.
Todos esses eventos se caracterizam em uma ofensiva do fascismo no período curto de tempo de um mês apenas.
O caso denunciado pela deputada Talíria Petrone é extremamente grave e atinge os direitos democráticos de toda população. As ameaças vêm sendo constantes e não é a primeira vez que isso acorre, sendo a segunda vez que foi denunciado pela própria deputada do PSOL. A primeira vez que a parlamentar sofreu ameaças de morte de grupos fascistas foi pouco antes do assassinato da vereadora Marielle Franco, em 2018, também do Rio de Janeiro. O assassinato da vereadora marcou a situação política nacional, sendo o primeiro assassinato claramente político de um parlamentar no marco do golpe de Estado de 2016.
É importante destacar que os responsáveis pelas ameaças, que levaram a deputada a ter uma escolta pedida à Câmera dos Deputados, partem, se não do mesmo grupo que levou ao assassinato de Marielle, da mesma ofensiva da extrema-direita que avança a passos largos no País. A deputada classifica as ameaças como “um atentado à democracia no país”. Devemos salientar que as ameaças são, ainda mais, um ataque profundo do fascismo sobre a esquerda e as organizações operárias e devem ser amplamente denunciadas por toda esquerda brasileira, que deve se levantar frontalmente contra essas atitudes intimidadoras, típicas da extrema-direita. Inclusive, é fundamental reagir à altura a esses ataques para não se ver mais desfechos como no caso de Marielle.
No mesmo sentido, o jornal maoísta A Nova Democracia foi alvo de um ataque do mesmo fascismo bolsonarista na semana passada, sendo o ataque notório mais recente. O grupo definiu o ataque como uma “sabotagem” à organização do jornal e consequentemente da própria organização do grupo. No caso d’A Nova Democracia, o ataque foi frontalmente mais aberto. Um grupo de supostos técnicos invadiu a sede do jornal, alegando que estavam ali para ajustar problemas da conexão da internet. Nesse momento, os “técnicos” que na verdade eram um grupo de extrema-direita, danificaram a estrutura física do jornal cortando cabos e danificando toda rede de internet da sede. Essa atitude mostra como o fascismo está claramente em uma ofensiva, já que o ataque ao jornal maoísta foi o único presencial.
Na esteira dos acontecimentos temos também o ataque ao jornal independente Ponte Jornalismo, que depois de sucessivos ataques de hackers teve seu servidor invadido. Na invasão, o grupo hacker se dedicou a empastelar totalmente o jornal. Todo seu acervo foi retirado do ar, todas as matérias foram destruídas. A estrutura do site foi totalmente desmantelada e por fim o site saiu do ar durante todo o dia que marcou seu ataque.
Na mesma linha, tivemos o ataque a este diário, o Causa Operária, que no dia 18/07 foi invadido no mesmo sentido que o Ponte Jornalismo. Fascistas invadiram o servidor do site e destruíram sua estrutura, além de um acervo de 4.000 matérias que foram destruídas pelos fascistas em pouco menos de uma hora. A ataque só não foi mais profundo e acabou tendo o mesmo desfecho do Ponte Jornalismo porque os militantes responsáveis por manter o site no ar descobriram o ataque e o barraram. Essa ofensiva levou o Partido da Causa Operária a fazer uma campanha de solidariedade contra o empastelamento da imprensa operária, não se calando diante da ofensiva fascista e chamando todos os setores a denunciarem essa barbárie.
Esses quatro acontecimentos, as ameaças à deputada do PSOL e os três ataques aos jornais operários e independentes, se colocam na mesma ofensiva do caso da garota de dez anos que, após ser estuprada consecutivamente, teve que escapar de grupos nazistas de extrema-direita para realizar a prática, garantida por lei, do direito do aborto. O caso foi um dos mais escandalosos do cenário nacional nesse mês. Sendo ainda que a ativista fascista Sara Winter divulgou ilegalmente o nome da criança, seus dados mais privados como endereço, a mando da ministra bolsonarista Damares Alves. Que, vale ressaltar, conseguiu os dados em uma clara ação paraestatal e ilegal. Além de escandaloso, deixou claro a ofensiva da extrema-direita em extinguir os direitos básicos da população, como o direito da mulher a realizar o aborto legal, que seria duplamente qualificado nesse caso, decorrente de estupro e se tratando de uma criança de dez anos de idade.
Todos esses casos mostram que há uma nova tentativa em curso de avanço da extrema-direita contra a população, seus direitos democráticos e suas organizações de luta. É preciso parar esse avanço, enfrentar e destruir a extrema-direita com uma grande mobilização dos trabalhadores da cidade e do campo, em torno de reivindicações democráticas e de seu próprio interesse. Isso só será feito com a união das forças populares, dos movimentos sociais, partidos de esquerda com alguma base nas massas, sindicatos e organizações populares, sem crenças nas instituições burguesas que são controladas pelos golpistas e a extrema-direita. É preciso sair às ruas, partir para uma ofensiva contra o fascismo frontalmente, em uma frente única prática pelo Fora Bolsonaro, contra o fascismo e o golpe militar.