O golpe de Estado de 2016, que depôs a presidenta Dilma Rousseff, foi dado com o apoio dos militares. Afinal, se as Forças Armadas assistiram de braços cruzados uma presidenta democraticamente eleita ser derrubada por um dos piores Congressos da história, por um STF “acovardado”, por uma imprensa abertamente pró-imperialista, é porque estavam de pleno acordo com a ofensiva da direita.
Em meio à crise aprofundada que o regime golpista se encontra, a influência dos militares no regime político vem se tornando cada vez mais evidente. Quando o STF, por exemplo, demonstrou alguma dificuldade em recusar o habeas corpus do ex-presidente Lula, o comandante chefe das Forças Armadas, o general Eduardo Villas-Bôas, sem nenhum escrúpulo, deu um verdadeiro golpe militar virtual: exigiu, por meio de seu perfil no Twitter, que o ex-presidente Lula fosse preso.
As várias ameaças de golpe militar no Brasil são uma constante desde setembro do ano passado, quando o general Hamilton Mourão deixou claro que os militares estavam se preparando para intervir na situação política. Mais recentemente, Mourão se filiou ao PRTB – o partido do fascistóide Levy Fidelix – e deixou em aberto a possibilidade de se candidatar à Presidência da República.
Diante desse contexto, militares em todo o Brasil decidiram se candidatar nas eleições deste ano. No total, já são 71 militares que se pré-candidataram a algum cargo político. O único Estado que não tem ainda um pré-candidato militar é o Acre.
As eleições deste ano, caso ocorram, serão mais uma oportunidade para que os militares consolidem ainda mais sua influência no regime político. Enquanto não intervêm definitivamente na situação política do país, os militares tentarão ocupar tantos cargos quanto possíveis, incluindo uma possível candidatura de Bolsonaro ou Mourão, alavancados pelos 71 cabos eleitorais à sua disposição.