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Subordinação a burguesia

Frente Ampla uruguaia quer entrar no governo com a extrema-direita

Ao pretender participar do governo da direita no Uruguai, Frente Ampla contribui para diluir a polarização politica em favor da direita

A Frente Ampla (FA), principal partido da esquerda no Uruguai, iniciará negociações para participar do governo do próximo mandatário Luis Lacalle Pou do Partido Nacional (Blanco), principal partido da direita neoliberal no país, que se inicia em primeiro de março. Não somente da direita tradicional, o movimento que levou Lacalle Pou ao poder, em uma disputa acirradíssima com o candidato da Frente Ampla, conta com a participação direita da extrema-direita uruguaia e com as forças armadas daquele país.

A Frente Ampla (FA), como o próprio nome expressa, é uma frente entre organizações de esquerda em geral  e setores da própria burguesia; seus elementos tidos como “democráticos” e “progressistas”, uma organização, cujo, programa é o reformismo por meio da colaboração de classes permanente. Do ponto de vista ideológico, se justifica tal relação apelando-se sempre para a defesa da democracia contra os seus inimigos. Essa defesa da democracia em abstrato cria um campo de “interesse comum” entre a esquerda e setores da burguesia, a luta de classes entre a classe operária contra a burguesia, mistifica-se em democratas versus anti-democratas.

Evidentemente, que essa mistificação ideológica tem por objetivo esconder a realidade: a frente ampla, como mecanismo político geral, é a subordinação da esquerda em larga medida aos interesses da burguesia. Do ponto de vista do trabalhador, da classe operária, a frente ampla é um fracasso, seja pelo limitadíssimo grau de reformismo, seja pela capitulação diante da direita e da extrema-direita, que elimina em alta velocidade, como um verdadeiro furacão, as pequenas reformas duramente conquistadas, muita vezes tem a frente ela mesma a incumbência de levar adiante uma política direitista. 

O caso do Uruguai é bastante elucidativo a esse respeito, os governos da Frente Ampla no Uruguai foram limitados em relação às reformas estruturais, porém bastante liberais em relação aos opositores, ou seja, com a direita. Criou-se mesmo a possibilidade da direita neoliberal participar do governo da esquerda, “tradição” inaugurada por Pepe Mujica ao oferecer ao partido derrotado de oposição, leia-se, no caso, a direita neoliberal, um série de cargos em organismos estatais autônomos. Na ideologia justifica-se frente entre direita e esquerda nobremente pelos princípios da democracia, na realidade pela capitulação da esquerda.

Agora, com a vitória de Lacalle Pou, que expressa a união entre a direita tradicional e a extrema-direita, a Frente Ampla reivindica a mesma gentileza, ou seja os cargos no aparato estatal. A direita já sinalizou que não dará a mesma quantidade de cargos, o que levou o presidente da FA, Javier Miranda a constituir um grupo de negociação, que já se espera será difícil. 

Assim como a essa esquerda de tipo parlamentar não se envergonhou em convidar a direita para fazer parte do governo, também não se sente acanhada em convidar a si própria para o governo da direita e da extrema-direita. Contudo, o significado é distinto, a direita presente no governo da esquerda estava para resguardar seus interesse, já a esquerda no governo da direita está para diluir a polarização política, dificultar a reação popular etc,. Esse tipo de conciliação eleva o grau de subordinação da esquerda a direita neoliberal e a extrema-direita, que abandona mesmo seus princípios, ainda que acanhados e mesquinhos de reformismo, para manter-se na administração pública, mesmo que para isso tenham que utilizar-se dos anseios e esperanças do povo que no final abandonam, deixando-os a ver navios.

Esse é o fim de toda frente ampla, a subordinação total e completa da esquerda a política da burguesia, que apoiam e impulsionam ora os democratas, ora os fascistas e às vezes os dois ao mesmo tempo, tirando toda a iniciativa política da esquerda e dominando todo o panorama político. Eis a manobra que querem fazer passar no Brasil; subordinar a esquerda a burguesia dita democrática, os partidos tradicionais da burguesia que organizaram e deram o golpe de estado e que elegeram Bolsonaro, por meio, de uma frente ampla contra Bolsonaro, ou mais propriamente, contra os excessos desse governo. 

 

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