O segundo turno vai chegando na reta final, faltam apenas 2 dias paras a eleição na maior cidade do País, São Paulo, Guilherme Boulos faz uma campanha…. chata, sem vida ou vontade. Onde foram parar aqueles bons e velhos embates eleitorais burgueses em que um candidato chama o outro de canalha, denuncia seu Partido pelos crimes cometidos, em outras palavras, dá o combate?
Ficaram nas páginas da história no que diz respeito ao PSOL, que sempre falou grosso com o PT e fino com os tucanos e candidatos da Globo. Guilherme Boulos teria conseguido o impensável, chegar ao 2º turno, ele se diz o candidato da mudança, diz que vai “virar o jogo” em São Paulo. Mas quem assiste aos debates e vê a campanha, vê um oportunista eleitoral que não faz aquilo que mais se faz numa eleição: atacar com tudo que se têm o adversário. Não me levem a mal, com Covas e o PSDB, não é preciso inventar nada, basta contar os podres.
“Candidato, o seu partido roubou centenas de milhões dos paulistas no escândalo do Trensalão, planeja, se eleito, piratear o erário público desta forma também?” ou ainda “Covas, seu tio, Mario Covas, e seu padrinho Dória são notórios espancadores de professores que reivindicam salários, vai tratar o professor no chicote se eleito?”, ele poderia entrar com uma boa e velha: “Você dizem que são democráticos, mas deram o golpe contra Dilma, votaram em Bolsonaro e sustentam seu governo, como tem a cara de pau de falar que é honesto?”. O candidato do PSOL poderia ter falado qualquer uma destas coisas ou ainda qualquer uma de 1 milhão de coisas horríveis que o PSDB fez com o povo nos últimos 30 anos, mas a campanha de Boulos se restringiu a dizer coisas como “A prefeitura preferiu obras eleitoreiras, todo mundo viu, calçada nova sendo quebrada, um monte de recapeamento na véspera de eleição, e não fez as obras com o dinheiro que estava lá disponível. Esse dinheiro existe”. Se vai falar da proverbial calçada, podia pelo menos falar o óbvio, os tucanos tão usando o dinheiro para comprar voto.
Isso não é disputa, é jogo de comadres. Nem parece que ele está 8 pontos atrás. Vejamos um exemplo de um direitista, numa situação periclitante, menos que a de Boulos, verdade, mas que quer ganhar a eleição, o Bispo Crivella.
Crivella não quer perder o cargo no Rio de Janeiro, em todos os debates acusa Paes, que tem telhado de vidro, de uma série de coisas, algumas reais, como o descaso com obras públicas, relações com mafiosos da política carioca, outras completamente fictícias como que o candidato do DEM planeja instaurar a pedofilia nas escolas públicas em conjunto com o PSOL. Fake news ou não, absurdo ou não, deplorável ou não, não há como negar que Crivella está jogando tudo que tem contra Paes, tentando manter um eleitorado e conquistar novos.
Boulos, ao ser atacado por Covas, disse: “Quando Bruno faz isso (atacar usando o problema da Venezuela), me parece desespero. Não é o perfil dele. Ele sempre foi ponderado, não foi para o extremismo bolsonarista de quem só quer atacar.”. Olha só, Bruno Covas o ponderado! Será o mesmo Covas que matou 60 mil nesta metrópole com a COVID-19 ou será o cidadão que aprovou o maldito SampaPrev e liquidou a aposentadoria dos professores municipais?
O debate morno e a campanha insossa tem um sentido claro, quem acompanha a política internacional sabe bem. Este ano Sanders capitulou diante de Joe Biden, muitos da aguerrida militância sandernista dizem que a derrota se deu pois o candidato se furtou de “ir à guerra” contra o mafioso eleito. Ele se furtou mesmo. Raramente a campanha de Sanders mencionava o absurdo de Biden ter tentado estuprar uma funcionária, não levantou o fato de que o candidato quer bombardear metade do mundo, de que ele é parte do pântano corrupto de Hillary Clinton, que ele é o democrata mais pró-Bush que o mundo já havia visto, entre uma série de outras coisas. Não o fez para não queimar pontes, não queria ter que ir a guerra e ter de apoiar Biden depois, não queria ter de ir a guerra e enfrentar o tiroteio que com certeza viria.
Boulos é um homem da frente ampla, o jogo de comadres é isso. Não quer brigar com os futuros aliados. Afinal falar que o PSDB é um partido de ladrões, de ditadores, de amigos do bolsonarismo, golpistas, etc.. etc… não pega bem se você cogita apoiá-los em 2022 contra um Bolsonaro. Contra o Maluf do século XXI, Boulos fechou acordo com Tancredo Neves, Sarney e a Arena, todos vimos como isso acabou nos anos 80, não será diferente hoje.