Em clara campanha em favor da política defendida pelos setores mais reacionários da esquerda nacional, a chamada “frente ampla” com setores da burguesia e da direita, o sítio do Partido dos Trabalhadores republicou nesta semana posicionamento do ex-deputado e presidente da Fundação Perseu Abramo, o economista Aloizio Mercadante, em entrevista ao jornal Valor Econômico, cujos argumentos foram exaltados pelo órgão ligado ao do monopólio golpista, O Globo.
O PT apresenta a matéria destacando a avaliação óbvia do economista de que “o Brasil encontra-se em um momento de fragilidade inédita, enfrentando quatro crises que se retroalimentam: a da saúde pública, a econômica, a financeira (que virá a seguir) e a política”. O dirigente petista destaca que “o principal vetor é a instabilidade constante provocada por Bolsonaro”, para daí justificar que “o país precisa de uma frente ampla para superar a crise política, econômica e agora de saúde pública”.
Em momento nenhum propõe derrubar o governo que seria o problema central e não esconde sua preocupação em garantir a estabilidade do próprio governo Bolsonaro, como pretende a direita golpista.
Mercadante ressalva que a “preocupação com a falta de comando nacional impera no Congresso”, ou seja, no parlamento dominado pelo “centrão”, a coligação de partidos direitistas que – em consonância com os interesses do imperialismo e do grande capital “nacional” atuaram para derrubar a presidenta Dilma Rousseff, condenar e prender ilegalmente o ex-presidente Lula, aprovar todo tipo de medidas contra o povo brasileiro (incluindo a liquidação da Saúde pública com o congelamento dos gastos públicos por 20 anos e as “reformas” que fizeram as condições de trabalho retroceder décadas) e que, finalmente, se se agruparam em uma frente para realizar a fraude da eleição de Bolsonaro contra o candidato substituto do PT, nas eleições de 2018.
Em tom ultra conciliador (semelhante a de políticos da direita como FHC), Mercadante se mostra disposto a evitar, até mesmo – segundo destaca o próprio PT – em “falar sobre um eventual impeachment”, mostrando disposição para “equacionar o fator Bolsonaro. Evidenciando que a frente que se busca construir não é uma comunhão de interesses entre os setores da esquerda que, formalmente, representam os trabalhadores, e a direita, que representa os interesses da burguesia golpista, mas simplesmente uma rendição frente à política da direita de sustentar o quanto for possível o governo Bolsonaro e buscar “controlá-lo”. Assim, mesmo destacando o que chama de “precariedade deste governo”, não propõe sua imediata substituição ou a luta pela sua derrubada, mas apenas uma política de enquadramento do governo, em comum acordo com a direita, em nome de uma suposta democracia.
Nesta perspectiva, Mercadante avalia positivamente o diálogo entre partidos de esquerda e de centro e da oposição com os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), bem como com outros setores, que estão visivelmente preocupados com as tendências a uma situação explosiva por conta da revolta popular que a situação e o próprio governo Bolsonaro impulsionam.
Ao invés de atuar como um dirigentes da esquerda que procura atuar como quem busca uma orientação uma perspectiva dos trabalhadores diante da crise, Mercadante, bem como a maioria das direções da esquerda burguesa e pequeno burguesa procuram atuar como verdadeiros “bombeiros” preocupados em apagar o fogo da crescente revolta popular contra o governo e não em dar uma desfecho favorável aos explorados.