Em entrevista ao programa Faixa Livre da rádio Bandeirantes, o deputado federal do PSOL-RJ, Marcelo Freixo, declarou “Acho que existe um marco que não é mais o da direita e da esquerda, mas temos outro da divisão política que é o marco entre civilização e barbárie”. O psolista disse que o que está acontecendo no Brasil é “assustador”.
Mas o que significa isso? Para Marcelo Freixo, o que está acontecendo no País não é uma luta política, uma luta de partidos, de interesses conflitantes irreconciliáveis, mas o produto de alguma moralidade abstrata. Algo como a luta entre o bem e o mal. No final das contas, até mesmo a direita poderia ser encontrada do lado da “civilização”.
Para o deputado do PSOL, seria preciso então juntar todos os “democratas”: “é necessário chamar os campos comprometidos com a democracia, mesmo com grandes divergências ideológicas, de projetos de sociedade, de concepção de Estado, mas esse marco democrático precisa conversar, pactuar formas de funcionamento da República”. Quem seriam esses “comprometidos com a democracia”. Freixo não explica, nem fala quem são.
Segundo ele, no entanto, todos esses que ele considera democrata poderiam estar juntos contra a barbárie desse governo. Será que o PSDB estaria entre os democratas segundo Freixo? Sim, os tucanos, principais responsáveis pelo golpe de Estado e portanto principais responsáveis pelo próprio Bolsonaro estariam dentro desses nobres democratas. Por isso, Marcelo Freixo é um dos principais defensores da frente ampla, que conta com elementos do PSDB e outros partidos burgueses.
Em quem são os mais interessados em dizer que não existe nem esquerda nem direita? A própria direita, é claro, que precisa esconder sua política anti-povo. Foi assim, inclusive, que começou a política golpista: “meu partido é meu País”, “sem partido”, “o PT e a esquerda dividem o País”.
Freixo não apenas procura de maneira ensaboada defender a ideia de que o PSDB precisa estar entre os “democratas” como também traz de volta a ideologia reacionária do nem esquerda nem direita. Tudo isso para justificar uma política oportunista, eleitoreira e que na prática serve para sustentar o governo Bolsonaro e ressuscitar o PSDB como grandes democratas.