Nessa semana, o deputado federal Marcelo Freixo (PSOL-RJ) tentou se defender das críticas que recebeu após conceder uma entrevista ao lado da deputada estadual Janaína Paschoal (PSL-SP). Para Freixo, aparecer em uma entrevista ao lado de uma das autoras do pedido de impeachment contra Dilma Rousseff, que se tornou uma das principais figuras da extrema-direita nacional e que foi financiada descaradamente pela burguesia nas eleições de 2018, não seria um problema.
Segundo o deputado psolista, a produção do programa Fura Bolha, transmitido pelo canal do YouTube Quebrando o Tabu, teria lhe preguntado se ele seria capaz de fazer um debate com uma pessoa “completamente diferente” dele sem “agressão” ou “violência”. Freixo prontamente respondeu que sim.
Janaína Paschoal não é uma pessoa “diferente” de Marcelo Freixo, mas sim um títere da burguesia criado para atacar os trabalhadores, a juventude, as mulheres e todos os explorados. Janaína não tem “opiniões diferentes”: é uma mercenária, assim como os membros do MBL, que tão unicamente de acordo com os interesses de seus patrões.
Na resposta às críticas, Marcelo Freixo defende que o diálogo é o “momento mais importante e mais decisivo da democracia”. No entanto, se por “democracia” Freixo se refere aos direitos democráticos conquistados pelos trabalhadores após décadas de luta, diálogo algum salvará essa “democracia”. Na verdade, a única maneira de impedir que os direitos democráticos sejam rapidamente extintos é por meio de um enfrentamento com a direita golpista e bolsonarista.
O argumento que Freixo utiliza para defender a política do diálogo é o de que “quem não é capaz de dialogar” se iguala ao “bolsonarismo”. Trata-se, contudo, de um equívoco do psolista: foi justamente a política de tolerância com a direita que levou a extrema-direita ao poder. Se desde 2016 o Psol de Marcelo Freixo e as demais direções da esquerda nacional levassem adiante uma política independente da burguesia, dificilmente a direita criaria condições para impor o programa de destruição total que está sendo conduzido por Bolsonaro.
Marcelo Freixo se preocupou não só em se defender das críticas que recebeu, como também em tentar demonstrar que sua atitude de participar de uma entrevista com Janaína Paschoal e elogiá-la teria sido uma grande contribuição para a esquerda. Freixo fez questão de dizer que “inaugurou” o programa Fura Bolha, cuja proposta seria justamente a de promover o “diálogo” entre diferentes.
A iniciativa de juntar Freixo e Paschoal não é nenhuma ideia inovadora, mas sim uma tentativa da burguesia de baixar a intensidade da polarização política no país. O próprio fato de que Marcelo Freixo se sentiu na obrigação de responder às críticas mostra que há uma forte tendência à radicalização na situação política nacional, de modo que todo deslocamento de setores da esquerda em direção à direita tem causado crises enormes.
Dialogar com a direita não é uma política para promover a “democracia”, mas sim uma política de colaboração com o regime golpista. Aos trabalhadores, cabe rejeitar integralmente todo e qualquer diálogo com os partidos burgueses e políticos do regime e travar uma luta implacável pela derrubada de todos os golpistas.